Topo

Justiça arquiva processo contra motoboy agredido e detido por PM em SP

André Andrade Mezzette após ter sido colocado em liberdade - Arquivo pessoal - 02.set.2020
André Andrade Mezzette após ter sido colocado em liberdade Imagem: Arquivo pessoal - 02.set.2020

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

09/09/2020 11h23

A Justiça de São Paulo decidiu ontem arquivar o processo contra o motoboy André Andrade Mezzette, 29, que foi agredido e detido por um policial militar na zona norte da capital, no fim de agosto. O PM afirmou na delegacia que o motoboy tentou assaltá-lo. Ele foi para a prisão, onde ficou cinco dias.

Um vídeo, gravado por uma testemunha da ocorrência, mudou a vida do motoboy. De acordo com a versão apresentada por Mezzette, o policial Felipe da Silva Joaquim, à paisana, o deteve porque estava fumando um cigarro de maconha após fazer entregas na pizzaria onde trabalha.

A repercussão da imagem, que condizia com a versão do motoboy, fez o MP (Ministério Público) pedir o arquivamento e a Justiça acolher.

"É um alívio saber que existe Justiça e que ela foi feita no meu caso. Espero, sinceramente, que os responsáveis pelo que fizeram comigo sejam punidos, para que não façam isso com mais ninguém", afirmou Mezzette ao UOL.

O advogado do motoboy, Paschoal Caruso, disse estar feliz com as posições do MP e da Justiça. "Reconheceram a terrível injustiça que fizeram com o André. Agora, esperamos que os responsáveis por tudo isso sejam punidos ao rigor da lei", disse.

MP mudou posição

Em um primeiro momento, o MP referendou o que afirmou o policial militar e pediu a prisão sem levar em conta a versão do motoboy.

O promotor Celso Élio Vannuzini, porém, ao analisar o vídeo, pediu a revogação das medidas cautelares estabelecidas e salientou que a Corregedoria da PM já apura a conduta do soldado.

A juíza Tania da Silva Amorim Fiuza acolheu a recomendação do promotor Vannuzini. "Diante da constatação de ausências de elementos aptos a permitir a propositura de ação penal e, com efeito, determino o arquivamento do inquérito policial", escreveu a magistrada.

PM foi afastado

Mezzette foi solto na manhã de dia 2 de setembro. O soldado Joaquim, que acusou o motoboy de tentar assaltá-lo, afirmou ao UOL que tudo que está no boletim de ocorrência registrado no Jaçanã "é o ocorrido".

Sobre o fato de Mezzette estar desarmado na ocasião, ele afirmou que "não é preciso arma para praticar um roubo". Ele acusou a imprensa de manipulação e de publicar mentiras e diz que está sendo ameaçado na rua onde mora por causa do caso.

Por meio de nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que "um homem, de 29 anos, foi preso em flagrante após tentativa de assalto a um policial militar de folga na noite da última sexta-feira (28), no Tremembé, zona norte da capital. O caso foi registrado como tentativa de roubo de veículo no 73° DP e remetido à Justiça. O policial foi afastado do policiamento operacional e a Polícia Militar também apura o caso".