Traficante Elias Maluco é encontrado morto em presídio federal
Considerado um dos principais traficantes de drogas do Rio de Janeiro, Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias Maluco, foi encontrado morto hoje na Penitenciária Federal em Catanduvas, região oeste do Paraná.
O UOL apurou que o corpo foi encontrado com sinais de enforcamento. A causa da morte, no entanto, não foi divulgada oficialmente.
Elias foi preso em 2002, por envolvimento no assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV Globo.
No mesmo ano, foi condenado por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Em maio de 2005, foi sentenciado pelos crimes de homicídio, formação de quadrilha e ocultação de cadáver no caso Tim Lopes. Em 2013, houve uma nova condenação, por lavagem de dinheiro.
A morte de Elias Maluco foi confirmada pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Segundo o órgão, o local da morte de Elias passará por perícia da Polícia Federal.
"A família foi comunicada pelo Serviço Social da unidade. O Depen informa, ainda, que preza pelo irrestrito cumprimento da Lei de Execução Penal e que todas as assistências previstas no normativo são garantidas aos privados de liberdade que se encontram custodiados no Sistema Penitenciário Federal", diz a nota divulgada pelo departamento.
"Estamos em estado de choque"
A advogada Flávia Fróes, presidente do Instituto Anjos da Liberdade, organização social que desenvolve projetos na área de direitos humanos, disse que um advogado foi hoje a Catanduvas para falar com Elias, que teria demonstrado interesse em participar de um projeto de reabilitação.
"Estávamos em um processo com o Elias, que tinha pedido para ser inserido no processo de reintegração. O advogado pediu para falar com ele e informaram que ele não queria ser atendido. Estamos em estado de choque", disse Flávia.
Questionado, o Depen informou que está aguardando o resultado de uma perícia para ter mais informações sobre o caso.
Caso Tim Lopes
Elias Maluco ganhou notoriedade com o caso do jornalista Tim Lopes, que apurava, em junho de 2002, uma reportagem sobre abusos sexuais de menores de idade e tráfico de drogas nos bailes funk da Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio. Ele foi sequestrado pela facção comandada por Elias, torturado e morto.
Três meses depois, após uma operação de mais de 50 horas da polícia fluminense, ele foi detido na favela da Grota, no Complexo do Alemão. Elias se refugiou em uma casa de idosos, e não houve troca de tiros com os policiais.
Depois da morte de Lopes, Elias foi condenado 28 anos e seis meses de prisão, acusado de ter sido o mandante do crime.
Advogados querem desarquivar inquérito
Em janeiro deste ano, o UOL mostrou que um grupo de advogados quer desarquivar o inquérito conduzido contra Elias. O objetivo é tentar reabrir a investigação e apuração por conta própria dos próprios advogados, graças a uma mudança na lei. Para estes criminalistas, Elias seria inocente.
O grupo tenta examinar a ossada de Tim Lopes. Os advogados acreditam que a ossada encontrada em um cemitério clandestino à época de sua morte, na verdade, não seria do jornalista. Se a hipótese for confirmada, os criminalistas entendem que podem pedir a anulação do processo.
A advogada Alexandra Oliveira Menezes, que faz parte do grupo, disse em janeiro que Elias estava com o irmão, o tio, o primo e outros parentes no dia em que Tim Lopes foi capturado, torturado e executado.
STF
Em agosto do ano passado, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) deferiu liminar (decisão provisória) de habeas corpus para Elias em um caso de associação ao tráfico. A decisão permitia que, caso Elias não estivesse preso em função de outro crime, poderia ser colocado em liberdade.
Dois meses depois, a 1ª Turma do Supremo negou o pedido de liberdade, derrubando a decisão de Mello.
Para revogar a liminar e manter Elias preso, os ministros citaram sua "periculosidade" e seu "modo de agir", além de reforçar que ele seria uma das principais lideranças do Comando Vermelho, facção carioca.
Elias acionou CIDH em 2017
Há três anos, Elias Maluco acionou, junto a outras lideranças do tráfico de drogas no Rio, a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos). Eles protocolaram uma petição classificando como "tortura e pena cruel" o fato de estarem detidos em presídios federais de segurança máxima por dez anos.
Além de Elias, também assinaram o documento Marcinho VP (Márcio dos Santos Nepomuceno), My Thor (Marco Antônio Pereira Firmino da Silva) e Tchaca (Márcio José Guimarães). My Thor também permanece preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, a mesma em que estava Elias.
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