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Advogado diz que suspeito de matar ciclista não prestou socorro por pânico

O microempresário José Maria da Costa Júnior, principal suspeito de ter matado a ciclista Marina Kohler Harkot - Reprodução/TV Globo
O microempresário José Maria da Costa Júnior, principal suspeito de ter matado a ciclista Marina Kohler Harkot Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

11/11/2020 09h04

O advogado do microempresário José Maria da Costa Júnior, 33, principal suspeito de ter atropelado e matado a ciclista Marina Kohler Harkot, 28, na madrugada de domingo (8), em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, disse que ele não parou para prestar socorro porque ficou em "pânico".

"Ele não parou para prestar socorro tendo em vista o pânico dele no momento. Ele perdeu ali, vamos dizer, a razão, ficou completamente num estado de tensão muito forte e decidiu sair do local", declarou à imprensa o defensor José Miguel da Silva Júnior, em imagens mostradas pela TV Globo.

Júnior se apresentou ontem na delegacia. Depois de ser ouvido por três horas, ele foi liberado. A prisão preventiva havia sido pedida pela Polícia Civil no fim da manhã, mas há um entrave jurídico: como estamos em semana eleitoral, em tese, prisões só podem ser feitas em flagrante.

O advogado acrescentou ainda que seu cliente contou não ter ingerido bebidas alcoólicas no dia do atropelamento e que vai se apresentar caso a Justiça decrete sua prisão.

"Ele preenche os requisitos para responder esse processo em liberdade. Porém, se o juiz decretar a prisão preventiva dele após as eleições eu me comprometo a vir e apresentá-lo. Ele não vai fugir", disse.

Na saída dele da delegacia, houve protesto de cicloativistas. Um dos manifestantes chegou a sentar no capô do carro em que o suspeito estava.

Câmera mostra suspeito no elevador após acidente

Câmeras de segurança mostram o microempresário José Maria da Costa Júnior, principal suspeito de ter matado a ciclista Marina Kohler Harkot, após acidente - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Câmeras de segurança mostram o microempresário José Maria da Costa Júnior, principal suspeito de ter matado a ciclista Marina Kohler Harkot, após acidente
Imagem: Reprodução/TV Globo

Imagens de câmeras de segurança de um elevador divulgadas pela Polícia Civil e exibidas pela TV Globo mostram Júnior sorrindo, conversando com uma mulher e falando ao celular momentos depois do acidente.

Para investigadores ouvidos pela emissora, nas imagens, ele não demonstra nervosismo por ter acabado de se envolver em um acidente.

Ontem, antes que ele se apresentasse às autoridades, a Polícia Civil conseguiu localizar o carro e o endereço do dono do automóvel. O suspeito saiu às pressas de sua residência após o caso.

Cicloativista

Cicloativista há pelo menos oito anos, Marina era cientista social pela USP (Universidade de São Paulo), ativista feminista e pesquisadora de mobilidade urbana. Em 2018, concluiu um mestrado pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) com a dissertação de título "A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo".

Marina era pesquisadora colaboradora do LabCidade (Laboratórios do Espaço Público e Direito à Cidade), ligado à FAU. Ela tinha em curso uma pesquisa de doutorado, também pela FAU, em que estudava a segregação socioterritorial a partir de abordagens de gênero, raça e sexualidade.

A mãe dela disse que a família está "totalmente despedaçada".