Topo

Esse conteúdo é antigo

Perícia preliminar diz que apagão no Amapá não foi causado por raio

Gabryella Garcia

Colaboração para o UOL, em Blumenau (SC)

11/11/2020 22h59

Um laudo pericial preliminar da Polícia Civil mostrou que o incêndio causado na estação de transmissão de energia elétrica de Macapá não foi causado por um raio, como vinha sendo divulgado pelo próprio governo do estado.

Em uma coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje, a delegada Janeci Monteiro, titular da Deccon (Delegacia de Crimes Contra o Consumidor), afirmou que o incêndio foi causado por um problema na bucha de um transformador. Além disso, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia, pertencente ao grupo Gemini e responsável pela transmissão de energia, teve R$ 50 milhões bloqueados pela Justiça.

A operação que investiga as causas do incêndio foi chamada de "Operação Apagão". De acordo com a Polícia Civil, o trabalho de investigação para embasar e individualizar a responsabilização do possível crime vem sendo realizado desde o dia 3 de novembro, quando aconteceu o incêndio.

Na manhã de ontem, foram cumpridos mandados de busca e apreensão no local da ocorrência. Durante as diligências foram colhidos documentos, livros e materiais digitais que estão fundamentando o inquérito policial.

Além disso, constatou-se que, dos três transformadores responsáveis pela transmissão de energia no Amapá, um já estava inutilizado desde o dia 31 de dezembro de 2019. Ou seja, dos 450 Megawatts previstos em contrato que a empresa deveria fornecer, estavam sendo fornecidos apenas 300, informaram os responsáveis pela investigação.

Laudo preliminar

A delegada Janeci Monteiro afirmou que o laudo pericial preliminar, ainda sem data para conclusão, já indicou que o incêndio não foi ocasionado por uma descarga elétrica. Os peritos constataram que os sistemas de para-raios dos transformadores estavam intactos. Por lei, o laudo pericial tem um prazo de 10 dias para ser concluído, mas a complexidade da situação exige um prazo maior, que foi concedido pela delegada responsável.

"Pela complexidade desse tipo de perícia, o perito pode requerer a dilação do inquérito e que esse prazo seja estabelecido. Estamos diante de algo muito complexo, somente determinada pessoas com conhecimento específico para aquilo podem trabalhar. O perito tem que ter esse conhecimento", afirmou o delegado-geral da Polícia Civil Uberlândio Gomes.

Esse laudo preliminar apresentado hoje indicou que o incêndio em um dos transformadores foi causado por um problema em uma das buchas. Esse incêndio culminou em uma sobrecarga no segundo transformador, enquanto o terceiro já estava em desuso. Os policiais não souberam explicar exatamente o que seria essa bucha e disseram ser necessário aguardar o laudo final.

Normalização da situação

De acordo com a Polícia Civil, a previsão é que o fornecimento de energia elétrica em todo o Estado seja normalizado até o dia 25 de novembro. Dos 450 Megawatts previstos em contrato para o fornecimento, atualmente a estação está operando com aproximadamente 200.

Além disso, de acordo com informações da empresa, entre domingo (15) e segunda-feira (16) deve chegar um transformador de Laranjal do Jari (AP) para auxiliar no abastecimento. O Ministério de Minas e Energia também informou que um outro transformador, vindo de Roraima, deve chegar em breve.

Por enquanto, o transformador que tem capacidade de até 150 Megawatts está operando cim 125 e sua potência está sendo aumentada gradativamente para que não haja sobrecarga e novos problemas.

Bloqueio de bens

A Polícia Civil está trabalhando com a possibilidade de um crime de atentado contra o serviço público de fornecimento de energia elétrica. Seguindo essa linha, e com o resultado do laudo preliminar, foi feita uma representação para que ocorra uma reparação integral aos consumidores e um bloqueio de bens da empresa.

O pedido feito para a Justiça foi de um bloqueio de R$ 500 milhões, porém a juíza Mayra Brandão, da 3ª Vara Criminal da capital amapaense, deferiu o pedido de bloqueio de bens no aporte de R$ 50 milhões.