Topo

Esse conteúdo é antigo

Indígena de 2 anos morre em abrigo no PA; ONG denuncia condições insalubres

Abrigo de indígenas em Belém - ONG SóDireitos/Divulgação
Abrigo de indígenas em Belém Imagem: ONG SóDireitos/Divulgação

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém (PA)

18/11/2020 17h35

Uma indígena de dois anos da etnia warao morreu, hoje de manhã, em um pensionato no centro de Belém. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a refugiada vinha sendo atendida por equipes de saúde, mas seu quadro agravou e culminou no falecimento. O órgão não informou o que ela teve.

Através de nota, a secretaria relatou que recebeu o comunicado de que a criança estava com dificuldades para respirar, por volta das 10h20. O responsável foi orientado a acionar o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para resgate, mas ela não resistiu.

A Fundação Papa João XXIII afirmou, em nota, que a família foi acolhida no abrigo institucional de maio a julho e, por livre decisão, solicitou o desligamento e viajou para o Maranhão. Há um mês retornou para Belém, mas recusou acolhimento. O abrigo tem capacidade para até 500 pessoas. O local disponibiliza de três galpões com bebedouros, banheiros, refeitório, lavanderia, lixeiras, área de saúde, educação, espaço infantil, área de convivência e administrativo.

Ainda segundo a fundação, no espaço eles recebem alimentação, ações de conscientização e orientação sobre cuidado e proteção à saúde, higiene pessoal, limpeza dos espaços coletivos, com atenção às crianças, adolescentes, gestantes e idosos.

Sobre a entrada, o órgão ressaltou que, devido o momento de pandemia, a equipe segue orientações técnicas da Secretaria de Saúde e o isolamento social.

A Prefeitura de Belém lamentou o caso e se solidarizou com a dor de seus familiares.

Denúncias

Esta não é a primeira vez que índios Warao morrem no local. A ONG Só Direitos já denunciou as condições insalubres do espaço.

"É um local totalmente insalubre, sem nenhuma estrutura. Tem partes que, quando chove, não tem nem cobertura, e chove dentro", conta o representante da ONG Só Direitos, Thyago Resende.

Ainda segundo a ONG 20 famílias de indígenas dessa etnia, ao todo 70 pessoas, vivem nesse local pagando diária a R$ 30. "Foi o único local que aceitou abrigá-los e eles só têm atendimento médico pontual", disse Resende.

Thyago explica que os indígenas continuam nesse abrigo porque, mesmo a prefeitura tendo inaugurado um novo, não comporta todos os indígenas e não oferece estrutura necessária.

"No Tapanã [bairro onde está localizado o abrigo] não tem alojamento para todos e falta até material de limpeza".

Mortes

Segundo dados da ONG, desde 2017, 28 indígenas morreram em Belém, sendo 17 crianças. Só este ano foram nove crianças e cinco adultos. "Entre as crianças a principal causa de morte é pneumonia e desnutrição".

O UOL denunciou em abril deste ano que indígenas também foram vítimas da covid-19 no local.

O UOL solicitou nota à Prefeitura de Belém sobre as denúncias da ONG Só Direitos e aguarda retorno.