Rio: Internos de reabilitação fogem e familiares recebem foto deles mortos
As famílias de Lucas Pereira da Silva, 20, e André Luís Moraes de Paula, 28, buscam por respostas após o desaparecimento dos jovens. Ambos estavam internados em uma clínica de reabilitação em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, e sumiram. Dias depois, os parentes receberam uma foto deles mortos. A família reconheceu os rapazes na imagem. O caso agora está com a Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense.
A irmã de André, Ana Carolina Moraes da Silva, 25, e a mãe do Lucas, Debora da Silva Ferreira Passos, 33, conversaram com o UOL e disseram que os rapazes eram usuários de drogas e sofriam de esquizofrenia. No início deste mês, André foi transferido para a clínica de Itaguaí. "Nós transferimos porque nos disseram que lá ele seria assistido, que teria mais segurança", disse Ana Carolina.
Pouco tempo depois da internação, a família recebeu um telefonema do próprio André dizendo que ele havia sido assaltado e que queria voltar para casa. Quem atendeu foi a mãe que, no susto, acabou desligando.
"Eu retornei a ligação e quem me atendeu foi uma senhora dizendo que foi abordada por eles e que disseram para ela que precisavam ir para casa. Ele, para Madureira [zona norte], e o outro, para a Vila Kennedy [zona oeste]. Ela disse que eles estavam assustados", disse a irmã da vítima.
A família, então, entrou em contato com a clínica, porém afirmam que não tiveram retorno. Mais tarde, um funcionário ligou informando que os dois haviam fugido. "Isso era por volta de 1h30 [da madrugada]. Ele disse que meu irmão tinha fugido com outro interno e que estavam procurando pelos dois", contou Ana Carolina.
As famílias continuaram procurando pelos jovens durante alguns dias, inclusive indo a hospitais. Até que, na semana passada, a mãe de Lucas recebeu uma foto dos dois rapazes mortos. Ela identificou o filho na imagem e Ana Carolina reconheceu o irmão.
Depoimentos sobre o caso
Os familiares registraram queixa na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense e testemunhas já prestaram depoimento. "Os internos falaram que o André e o Lucas brigaram [com funcionários] para defender um menino que estava apanhando e, por causa disso, eles começaram a ser agredidos e acabaram fugindo pelo telhado. Como uma clínica que atende pessoas com problemas com drogas não percebe ninguém fugindo?", questionou Ana Carolina.
Os parentes devem prestar um novo depoimento na sexta-feira (29).
Segundo a Polícia Civil, "diligências estão sendo realizadas, a investigação está em andamento e segue sob sigilo". Até o momento, os corpos não foram localizados.
As famílias informaram que vão entrar com um processo contra a clínica.
Procurado pelo UOL, o advogado do Centro Terapêutico Salvando Vidas, Saulo Mota, disse que após a fuga dos internos foram realizadas buscas por 24 horas e foi registrado um boletim de ocorrência. A defesa negou que funcionários tenham agredido os internos.
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