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Homem confessa ter matado a esposa após discussão por Libertadores, diz PM

Érica Fernandes Ceschini e o marido são pais de gêmeos  - Reprodução/Facebook
Érica Fernandes Ceschini e o marido são pais de gêmeos Imagem: Reprodução/Facebook

Bernardo Tabak

Colaboração para o UOL, do Rio

02/02/2021 22h31Atualizada em 04/02/2021 16h34

Uma mulher foi encontrada morta dentro do apartamento em que vivia com a família, no bairro São Domingos, na zona norte de São Paulo, no último domingo. Segundo a PM (Polícia Militar), Leonardo Souza Ceschini confessou ter assassinado a esposa, Érica Fernandes Ceschini, após uma discussão sobre futebol. Ela era palmeirense, e ele, corintiano. O crime teria ocorrido após o casal chegar em casa depois de uma comemoração pelo título alviverde na Libertadores da América.

Enquanto participavam da comemoração, Leonardo e Érica deixaram os filhos gêmeos, de 2 anos, com os primos dela no apartamento. Depois que o casal chegou, os meninos ficaram dormindo no quarto, e os parentes foram embora.

Horas depois, a mulher foi encontrada morta sobre uma poça de sangue. Segundo a polícia, a vítima, que trabalhava no ramo de produtos médicos e hospitalares, parecia ter "lesões nas pernas e costas, aparentemente por instrumento cortante, sendo que havia uma faca próxima a ela".

Os gêmeos, até a noite desta terça, não sabiam do assassinato da mãe.

Três versões do crime

O B.O. (Boletim de Ocorrência), ao qual o UOL teve acesso, apresenta três versões do ocorrido. O primeiro relato feito pelo policial que atendeu a ocorrência indica que a mulher havia tentado matar o marido e, em seguida, tirado a própria vida no interior do apartamento.

Já Leonardo, que estava ferido no abdome, contou inicialmente aos policiais que "Érica o atacou com a faca, atingindo-o no abdome, e cometeu suicídio". Mas logo em seguida, segundo a PM, o corintiano mudou a versão.

"[Após ser atingido] Ele [Leonardo] conseguiu tomar-lhe a faca e desferir vários golpes que causaram a morte dela, entendendo [ele] que acabou se excedendo", informou a polícia.

"O motivo de tudo foi [sic] desavenças devido a cada um ser torcedor de um time de futebol diferente, observando a final da Taça Libertadores da América: ela palmeirense, ele corintiano", descreve o B.O.

Imediatamente, os policiais deram voz de prisão e o conduziram ao Hospital do Mandaqui, na Zona Norte da capital paulista.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo, o caso foi registrado em flagrante como homicídio qualificado pelo 33º DP (Pirituba), que comanda as investigações, e não há menção para feminicídio. O suspeito, que trabalha como vendedor, está preso preventivamente.

Ele foi submetido a uma cirurgia ainda na madrugada de domingo (31), razão pela qual, segundo o B.O, ainda não havia sido interrogado. O apartamento passou por perícia e a faca foi recolhida.

A recepção do Hospital do Mandaqui informou ao UOL que não presta informações sobre estado de saúde de seus pacientes por telefone, apenas no local — Leonardo segue internado, sob custódia da PM.

Procurada pela reportagem, a advogada Alessandra Martins Cordeiro, que defende Leonardo, não retornou o contato. O texto será atualizado caso a defesa se pronuncie.

Família diz nunca ter presenciado briga

Rene Luiz Fernandes, tio de Érica, disse ao UOL que a família dela "nunca presenciou qualquer briga, agressão entre eles, nem soube de relatos de brigas".

"Todos estamos espantados com o que aconteceu e surpresos, pois jamais imaginaríamos que algo tão grave como isso pudesse acontecer", disse Rene. "Os dois, já casados há nove anos, tinham um bom relacionamento com as duas famílias. O sentimento é de surpresa e revolta. E queremos que a justiça seja feita."

Érica foi sepultada na segunda-feira. Os filhos dela foram ao local do velório, mas segundo Rene, ficaram na parte externa de onde estava o corpo.

O tio conta que os garotos estão aos cuidados da avó materna: "A mãe da Érica vai buscar orientação com uma psicóloga infantil, para auxiliar neste processo de contar aos gêmeos sobre a morte da mãe."