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Acre vive "3ª Guerra Mundial" com enchente, covid e dengue, diz governador

Do UOL, em São Paulo

21/02/2021 16h31Atualizada em 21/02/2021 21h37

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), comparou hoje a situação do estado a uma "3ª Guerra Mundial" por enfrentar simultaneamente enchentes, a pandemia de covid-19 e um surto de dengue.

"A questão das cheias — uma das piores nos últimos anos —, dengue, covid-19, e imigrantes na fronteira do Brasil... Temos ainda o Peru e a Bolívia, a questão dos haitianos [cerca de 200 famílias querem passar, mas os países não abrem fronteiras]. E isso me causa uma preocupação. É uma situação delicadíssima porque eu preciso proteger a população. E, com tudo o que está acontecendo, eu vou te dizer que vivemos uma terceira guerra mundial", afirmou Cameli à CNN Brasil.

Além disso, o estado vive um número crescente de internações em decorrência da covid-19. Cerca de 92% dos hospitais no Acre dependem do SUS (Sistema Único de Saúde), segundo o governador.

O que estamos vivenciando aqui é, realmente, uma situação de calamidade humanitária. São vários problemas em uma hora só."
Gladson Cameli, governador do Acre

Enchentes atingem 120 mil pessoas

Cerca de 120 mil pessoas já foram atingidas pelas enchentes geradas após o transbordamento de rios no Acre, segundo balanço de hoje do Corpo de Bombeiros divulgado ao UOL.

A estimativa atual é que o número de famílias atingidas tenha saltado de ontem (29 mil) para hoje chegando a 32.334. Dessas, 4.400 estão desalojadas e 2.027, desabrigadas.

Uma das situações mais críticas está em Sena Madureira, onde segundo o governo do estado, houve um estrangulamento da estrada, o que pode gerar uma crise de abastecimento local. A cidade está sem atendimento bancário, já que todas as agências foram atingidas pela enchente.

Segundo Cameli afirmou em suas redes sociais, mais de 17 mil pessoas de 26 bairros foram atingidas.

Além disso, há um alto risco de transbordamento do rio Iaco, o que pode aumentar o número de desabrigados no município.

O rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, chegou a seu recorde de nível, alcançando 14,31 metros na sexta-feira, 1,3 metro acima da cota de transbordo. A cidade foi parcialmente inundada, e mais de nove mil famílias foram atingidas direta ou indiretamente.

Além de Cruzeiro do Sul e Sena Madureira, também foram atingidas por rios a capital Rio Branco e os municípios de Tarauacá, Feijó, Santa Rosa do Purus e Rodrigues Alves.

Ao todo, o governo do estado já montou 23 abrigos para pessoas que precisaram sair de suas casas e distribuiu mais de 500 cestas básicas até ontem. Todos os órgãos públicos estão em alerta máximo e atuando para socorrer os atingidos.

A enchente ocorre num momento em que a covid-19 apresenta um grande crescimento no número de casos e internações no sistema público de saúde. Segundo dados da secretaria estadual de Saúde, o estado tem 54.743 casos, com 957 mortos. Além da doença, o Acre enfrenta um surto de dengue em diversos municípios e sofre com a crise migratória na fronteira com o Peru.

Por conta da situação dramática, a campanha #SOSAcre foi lançada nas redes sociais para que pessoas de todo o país possam ajudar os acrianos. Artistas têm divulgado os problemas do estado para conseguirem doações como foi o caso do DJ Alok.

As doações para ajudar o Acre podem ser feitas diretamente à Associação do Ministério Público do Estado.

Os dados bancários são:

  • Banco do Brasil
  • Agência 35505
  • Conta Corrente: 100-7
Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que informava versão anterior deste texto, o município de Sena Madureira não é banhado pelos rios Envira e Tarauacá. A informação foi corrigida.
Em versão anterior deste texto, o gentílico acriano foi grafado incorretamente. O texto foi corrigido.