Chacina de Osasco: com avanço de julgamento, réus devem falar amanhã
Dez das 24 testemunhas mantidas por acusação e defesa foram ouvidas hoje, no segundo júri de dois réus acusados pela chacina de Osasco e Barueri —a maior da história de São Paulo, com 17 mortos e sete feridos.
Por enquanto, já foram ouvidas 16 testemunhas. Depois das oito restantes, começa a fase de interrogatório dos acusados, o que deve ocorrer amanhã (24). Em seguida, acusação e defesa debatem. A reunião dos jurados para o veredito deve ser na quinta-feira.
Estão sendo julgados novamente dois dos quatro acusados: o ex-cabo da Polícia Militar Victor Cristilder Silva dos Santos e o guarda civil de Barueri Sérgio Manhanhã.
A sessão começou às 10h30 e terminou às 17h15. Dos dez que falaram hoje, seis eram da defesa, em sua maioria policiais, e quatro eram de acusação.
O julgamento continua fechado para familiares e imprensa por ordem da juíza Élia Kinosita. Só podem entrar no plenário do Fórum de Osasco as testemunhas, as partes, os funcionários da Justiça e os jurados. O teor dos depoimentos não foi divulgado.
Réus recorreram; TJ determinou novo júri
Em 2017, Manhanhã havia sido condenado a 110 anos de prisão pela participação em 11 mortes e duas tentativas de homicídio. Em 2018, Cristilder foi condenado a 119 anos de prisão por 12 mortes e quatro tentativas de assassinato.
Cristilder e Manhanhã recorreram das decisões. O Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o processo em relação a eles e permitiu o novo júri para ambos.
Segundo a acusação, Cristilder, Manhanhã e os policiais militares Fabrício Emmanuel Eleutério e Thiago Barbosa Henklain teriam se juntado na noite de 13 de agosto de 2015 com outras pessoas não identificadas para matar as vítimas, que estavam em diferentes pontos de Osasco e Barueri. Foram mortos 16 homens e uma adolescente de 15 anos.
Eleutério foi condenado a 255 anos de prisão, e Henklain, a 247. Caso Cristilder e Manhanhã sejam absolvidos neste segundo júri, não cabem mais recursos.
Segundo as investigações, a motivação da chacina seria vingar as mortes do PM Admilson Pereira de Oliveira e do guarda civil Jeferson Luiz Rodrigues da Silva, que ocorreram em Osasco e Barueri, respectivamente, dias antes da chacina.
Vigília
A vigília de mães de vítimas da chacina de Osasco e Barueri ganhou um reforço. A estudante Josiane Agla Monteiro Amaral, 18, e a mãe, a vigilante Ana Cleide Monteiro Barbosa, 40, filha e viúva da vítima Joseval Amaral Silva, um dos mortos em Barueri, conheceram o movimento das mães no sábado.
"Foi totalmente por acaso. Estava passando pelo centro de Osasco, no sábado, quando vi o protesto e fui conversar com a dona Zilda e conheci o movimento", conta Josiane.
"Eu tinha 13 anos quando meu pai morreu. Dois anos depois, eu tentei suicídio. Aquilo detonou comigo. Meu pai era um padeiro!", diz ela.
A referência à profissão do pai se deve à circunstância em que a morte dele aconteceu. Ele estava num bar na rua Irene, em Barueri, tomando uma cerveja quando homens chegaram ao local e perguntaram para Joseval se ele era ex-presidiário.
"Ele disse não, deu as costas para os homens e atiraram nele", conta Ana Cleide.
"Passei muito tempo perturbada tentando reconstruir nossa vida. Quando vi o protesto, me senti aliviada por saber que tem alguém lutando pela causa", contou a jovem.
Familiares dos acusados também estão presentes. Ontem, o UOL conversou com a mulher de Manhanhã, mas ela disse que só daria entrevistas na presença de advogados.
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