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Mulher que atropelou e matou Vitor Gurman é condenada a 3 anos de serviço

Vítor Gurman, 24, morreu atropelado na Vila Madalena em julho de 2011 - Reprodução/Facebook
Vítor Gurman, 24, morreu atropelado na Vila Madalena em julho de 2011 Imagem: Reprodução/Facebook

Stella Borges

Do UOL, em São Paulo

02/03/2021 12h38Atualizada em 02/03/2021 21h09

A Justiça de São Paulo condenou a nutricionista Gabriela Guerrero Pereira, que atropelou e matou o administrador de empresas Vitor Gurman, a três anos de detenção, em regime aberto. A pena foi substituída por prestação de serviços à comunidade e multa no valor de vinte salários mínimos (R$ 22 mil). O caso aconteceu em julho de 2011 no bairro da Vila Madalena, em São Paulo.

A decisão foi tomada ontem pela juíza Valéria Longobardi. Veja abaixo um trecho da sentença:

Ante todo o exposto, julgo procedente a ação para condenar Gabriela Guerreiro Pereira, às penas de 03 (três) anos de detenção, em regime aberto, como incursa no artigo 302, §1º, inciso II, do Código de Trânsito Brasileiro, substituída a pena corporal por duas restritivas de direito, quais sejam, uma pena de prestação de serviços à comunidade a ser cumprida em igual prazo da pena corporal ora substituída e uma pena de multa no valor de 20 (vinte) salários mínimos, a ser destinada a entidades com destinação social consoante determinação do Juízo da Execução Criminal, vedada a eventual possibilidade de dedução da pena de multa por valor de indenização já pago aos familiares da vítima Vítor Gurman

Gurman, 24, caminhava pela calçada da rua Natingui, na Vila Madalena, quando foi atropelado por uma Land Rover. Depois de atingir o rapaz, o carro ainda derrubou um poste de iluminação e capotou. Submetido a uma cirurgia ainda na madrugada do dia 23 de julho de 2011, ele não resistiu.

Em 2017, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) decidiu que Gabriela não iria a júri popular. A conduta dela foi reinterpretada como homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Segundo o colunista do UOL Rogério Gentile, o Ministério Público afirma que a Gabriela dirigia a uma velocidade incompatível, entre 62 km/h e 92 km/h, sendo que as placas de trânsito na via indicavam que o máximo permitido eram 30 km/h. A Promotoria diz também que a nutricionista estava sob efeito de álcool. A defesa de Gabriela diz que a nutricionista não estava embriagada e não dirigia em alta velocidade.

"O principal objetivo da defesa sempre foi demonstrar que Gabriela nunca agiu assumindo o risco de causar qualquer acidente, e isso foi reconhecido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, pelo Superior Tribunal de Justiça e na própria sentença. Ainda assim, registrando o respeito que a defesa tem pela magistrada, acreditamos que a decisão não reflete a realidade do acidente, e o recurso cabível será apresentado à instância superior", informou em nota divulgada hoje o advogado da nutricionista, José Luis Oliveira Lima.

Pai de Vitor: 'Não foi acidente'

O administrador de empresas Jairo Gurman, 62, pai de Vitor, lamentou a decisão da Justiça. "Houve um assassinato. Não foi acidente", declarou ele ao UOL.

"Vergonha desse país. As leis são fracas, brandas. Houve um assassinato, não foi acidente. É uma grande tristeza, lamentável", disse ele.

Na avaliação de Jairo, a decisão reforça a ideia de impunidade e ele teme que outras pessoas passem pela dor de perder um familiar nessas circunstâncias.

Ele lembrou ainda que o irmão Nilton, tio de Vitor, encampou a luta da família e é um dos principais líderes do movimento Não Foi Acidente, com o objetivo de aumentar a punição aos atropeladores.