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Sociedade de Psicanalistas diz que governo federal gera "trauma coletivo"

Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio escreveu uma carta aberta aos brasileiros sobre a situação da pandemia - Divulgação
Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio escreveu uma carta aberta aos brasileiros sobre a situação da pandemia Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

03/03/2021 16h29Atualizada em 03/03/2021 21h14

Em uma carta aberta aos brasileiros, a Sociedade de Psicanálise do Rio repudiou o descaso das autoridades diante do aumento de casos da covid-19 no país. O documento lamenta a perda diária de mais de mil vidas, alertando que o contexto provoca "um trauma coletivo sem precedentes e um luto de difícil elaboração".

"Assistimos atônitos à militarização das instituições de Estado, aos frequentes discursos por parte do governo federal e de seus apoiadores/seguidores pautados na lógica da necropolítica e que propõem a ruptura da ordem democrática, assim como fazem ataques e ameaças às instituições e aos grupos sociais. São ataques à alteridade, à diferença, ao desejo e à cultura, conceitos imprescindíveis à humanidade e à Psicanálise."

A categoria também fez críticas contra a frase dita pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre como o governo conduz as políticas no país. "Manda quem pode, obedece quem tem juízo' é assustadora, porque nos remete à cegueira".

O tratamento precoce é apontado pelos psicanalistas como uma "ilusão", sendo a imunização por meio da vacina considerada como o melhor instrumento para frear mortes e combater a covid-19 no país. "Pró-vacina já, uso de máscaras, distanciamento social, assistência à população em estado de vulnerabilidade, pela defesa da Democracia e da Constituição Federal", escreveu a categoria.

Bolsonaro diz que pânico no país é culpa da 'imprensa'

Para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi a "imprensa que criou o pânico" no país sobre a covid-19. A declaração foi feita nesta quarta-feira (3), momento em que o Brasil atingiu uma alta de 11% das mortes, enquanto no mundo há um recuo de 6%, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

"O Brasil é um país que, em valores absolutos, mais está vacinando. Temos 22 milhões [de vacinas]. Mês que vem deve ser mais 40 milhões. O país está mais avançado nisso. Assinei no ano passado a medida provisória destinando mais de R$ 20 bilhões para comprar vacina. Estamos fazendo o dever de casa", disse Bolsonaro.

Segundo Bolsonaro, os veículos de comunicação são os responsáveis pela situação do Brasil. "Criaram o pânico, né? O problema tá aí, lamentamos, mas você não pode viver em pânico. Que nem a política, de novo, do 'fica em casa'. O pessoal vai morrer de fome, de depressão."

Aumento de casos da covid-19 no Brasil

Especialistas consideram que o pior momento da pandemia do novo coronavírus está ocorrendo neste momento, no Brasil. Dados da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostram que a média móvel de mortes de sete dias vem acelerando. A taxa desta terça-feira (2) foi de 5,94 óbitos por 1 milhão de pessoas, o que representa alta de 21,6%.

Sistemas de saúde de alguns estados, que durante a primeira onda da pandemia não tiveram risco de colapsar, estão beirando o risco de não ter mais UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e insumos para pacientes da covid-19.

O primeiro dia de março começou com apenas cinco leitos disponíveis do SUS (Sistema Único de Saúde) em Santa Catarina, o que representou 99,38% do total de leitos ocupados. Agora, pacientes estão sendo transferidos para o Espírito Santo por falta de leitos.

Na Bahia, no Distrito Federal, em São Paulo e Pernambuco, medidas restritivas estão sendo ampliadas para evitar que o vírus contamine mais pessoas.