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Prioridade foi achar água e alimento, diz piloto que passou 36 dias na mata

O piloto Antônio Sena foi localizado e resgatado com vida em uma área da mata localizada entre os municípios de Alenquer e Almerim, no Pará Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

07/03/2021 21h53

O piloto Antônio Sena que despareceu na mata durante 36 dias após a queda de seu avião contou, em entrevista a Fantástico, como sobreviveu até o resgate, que aconteceu neste fim de semana.

"As minhas prioridades sempre foram buscar água e tentar buscar alimento, seja ele qual fosse", disse Sena, que passou mais de um mês comendo ovos de aves e frutas que encontrava na floresta.

O avião que ele pilotava sumiu no dia 28 de janeiro, após decolar de Alenquer para a comunidade Califórnia, ambas na região do Baixo-Amazonas. Logo após o desaparecimento, a FAB (Força Aérea Brasileira) iniciou buscas que duraram cinco dias, mas foram encerradas por não haver nenhum vestígio, nem da aeronave, nem do piloto.

Ao Fantástico, Sena contou que andava pela mata da manhã até o meio da tarde e só então parava para descansar. Na sexta-feira (6), ele encontrou com coletores de castanha e conseguiu pedir ajuda.

"Já eram entre 15h30 e 16h e caminhando no meio da mata eu vi uma coisa branca. Quando tirei a lona, vi um paneiro com castanha e as ferramentas pra abrir ouriço. Fui procurando a trilha [dos coletores]", afirmou Sena, que conseguiu encontrar com os homens.

"Posso dizer que a única coisa que me manteve forte para sair daquela situação foi o amor que eu tenho pela minha família e a vontade de ver meus irmãos, meus pais", contou ele. "Se fosse para resumir essa história, eu diria que é uma história de amor e fé".

No resgate de Sena, informou o governo do Pará, foram usados dois aviões e um helicóptero.

Acidente

Em entrevista à agência Pará, Antônio Sena disse que a aeronave que pilotava parou de funcionar e ele precisou fazer um pouso forçado.

Pousei forçado. A aeronave parou (de funcionar). Como eu vinha voando baixo em 2 mil metros e ali tinha serra de 2 mil metros e um pouco mais, o tempo que eu tive foi de tentar reacender (o avião) e não consegui. Como eu não consegui, já fui buscando local para pouso. Fui encontrando um vale, desviando das árvores maiores até que consegui pousar em um valezinho no meio de duas serras.

Sena fez ainda relatos mais detalhados sobre o que aconteceu na sequência. "Então ele (o avião) entrou e eu bati nos açaizeiros e ele entrou de bico no igarapé certinho. Ele está de cara no igarapé. Como é tudo muito rápido, eu só lembro de conseguir sair do cockpit e minha mochila estava jogada do lado. Peguei minha mochila, um saco de pão, algumas coisas e me afastei da aeronave, que tinha muito óleo diesel. Aí peguei uma corda e o que pude pegar que tinha na aeronave e que fosse me ajudar no meio do mato. Não demorou muito e a aeronave começou a pegar fogo. Ela está queimada. Uma parte está queimada", disse.

Sena também contou que marcou a localização da queda da aeronave pelo GPS. "Ainda fiquei uma semana lá. Eu ouvia aeronave passar um pouco longe, nenhuma muito próximo."

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