Topo

SP: Comércio permanece aberto, mas com portas abaixadas na 25 de Março

Camelôs e fregueses se aglomeram na 25 de Março - Anahi Martinho/UOL
Camelôs e fregueses se aglomeram na 25 de Março Imagem: Anahi Martinho/UOL

Anahi Martinho

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/03/2021 15h20

Na pior fase da pandemia de coronavírus no Brasil, com recorde de 10 mil mortos em apenas uma semana, o comércio de itens não essenciais continua funcionando no maior centro de compras a céu aberto de São Paulo.

O UOL flagrou diversos comércios abertos clandestinamente na popular Rua 25 de Março e adjacências. Para escapar da fiscalização, as lojas e galerias estão funcionando no esquema "meia porta": abertas, mas com os portões abaixados.

Para entrar, é preciso ser levado pelos chamados "puxadores", que abordam os clientes nas ruas e os levam até a loja. Em frente aos portões de aço, funcionários fazem o controle de acesso e vigiam a entrada. Só entra um cliente ou grupo por vez. Após a entrada, o portão é fechado e só abre por fora.

"Se você não for com a gente, não entra. Se você chegar sozinha lá na loja, eles não vão abrir. Tem que ir com a gente. Tá procurando o quê? Roupa, tênis, bolsa?", disse um puxador abordando a repórter, a menos de 2 metros de distância de dois policiais militares.

"Tem que entrar 'no sapo', tem que ser dichavado", disse outro puxador.

Lojas funcionam no esquema meia-porta na 25 de Março - Anahi Martinho/UOL - Anahi Martinho/UOL
Lojas funcionam no esquema meia-porta na 25 de Março
Imagem: Anahi Martinho/UOL

Dentro das galerias, vendedores se desdobravam para convencer os poucos fregueses a levarem produtos como tênis, camisetas, calças jeans, perfumes, joias e réplicas de bolsas de marca.

"A gente está funcionando assim, no clandestino. Está tendo fiscalização. Se eles pegarem vendedor trabalhando, tem multa e a multa é cara. Mas não tem jeito, tem que trabalhar. As contas não param", afirmou um vendedor.

Fase vermelha

Segundo o decreto da nova fase vermelha do Plano São Paulo, que teve início no sábado, estão autorizadas a abrir apenas lojas que comercializam alimentos, como supermercados e armazéns, além de serviços essenciais, como lojas de material de construção e de eletroeletrônicos.

Classificadas como comércio essencial, duas das maiores lojas de departamento da região estavam abertas oficialmente, a Armarinhos Fernando e a Niazi Chohfi, que vendem tecidos, material escolar, brinquedos, roupas e itens para casa.

Dentro dessas lojas, o movimento era bem menor que o habitual, mas ainda bastante intenso para um momento de pico de pandemia.

Uma operação da PM foi montada na região com 140 agentes, sendo 90 pela manhã e 50 à tarde, em apoio aos fiscais da prefeitura na abordagem do comércio ambulante.

Apreensão

Por volta do meio-dia desta segunda-feira (8), fiscais já haviam apreendido 312 itens, entre películas de celular, brinquedos, máscaras, refrigerante e água mineral.

A poucos metros da operação policial, na esquina entre as ruas Barão de Duprat e Afonso Kherlakian, camelôs e consumidores se aglomeravam entre barracas, comprando e vendendo lente olho-de-peixe para celular, luminárias estilo "ring light", descascadores de legumes de última geração, massageadores, guarda-chuvas, brinquedos e armas taser de eletrochoque.

"A gente apreende daqui, aparece outro dali", afirmou um fiscal que não quis se identificar.