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PM apura conduta de agentes em abordagem a motorista no interior de SP

Liliane Monteiro, de 49 anos, afirmou que foi agredida por policiais militares, que alegaram que ela desacatou agentes - Reprodução/Arquivo Pessoal
Liliane Monteiro, de 49 anos, afirmou que foi agredida por policiais militares, que alegaram que ela desacatou agentes Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal

Laís Seguin

Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)

16/04/2021 15h55Atualizada em 16/04/2021 15h55

A motorista Liliane Borges Monteiro, de 49 anos, afirma ter sido agredida por um policial militar durante uma abordagem no bairro Fortunato Rocha Lima, em Bauru, cidade a 328 km de São Paulo.

O caso, que agora ganhou um inquérito da Polícia Militar para apurar a conduta dos agentes, aconteceu na madrugada de 5 de fevereiro. No dia, a equipe registrou um Boletim de Ocorrência por desacato, embriaguez ao volante e lesão corporal decorrente de oposição à intervenção policial.

De acordo com os policiais, eles estavam em patrulhamento quando se depararam com um veículo que transitava com faróis apagados e o limpador traseiro ligado, apesar de não estar chovendo. A PM abordou a motorista e constatou que ela e o passageiro apresentavam forte odor etílico, ainda de acordo com o registro.

Segundo os agentes, eles solicitaram que a mulher fizesse o teste do bafômetro, mas ela teria recusado. Por conta disso, a equipe avisou que a condutora, Liliane, seria autuada e que, se ninguém pudesse buscar o veículo, ele seria apreendido.

Depois disso, a mulher teria passado a ofender a equipe e, quando o guincho foi acionado, se recusou a sair do carro. Os PMs disseram ainda que, ao ser retirada do veículo, ela investiu contra o policial, que aplicou um golpe de defesa contra a mulher, fazendo com que ela batesse o rosto no chão.

Motorista diz que carro estava estacionado

Em entrevista ao UOL, Liliane negou a versão dos policiais, afirmando que estava com o veículo estacionado durante a abordagem policial e, por isso, não tinha como estar dirigindo embriagada.

Ela afirma ainda que, em momento algum, foi questionada sobre se aceitaria fazer o teste do "bafômetro".

Na tarde do dia 5, a mulher seguiu o exemplo dos policiais e também registrou um Boletim de Ocorrência por lesão corporal, em que é mencionado que uma testemunha se ofereceu para remover o veículo, sem que o policial pemitisse.

Nesse momento, o agente teria ofendido Liliane, a chamando de "puta" e demais xingamentos, recebendo respostas da motorista.

À polícia, Liliane contou que quando abriu a porta do carro, durante a ocorrência, o policial deu um murro em um dos seus olhos e puxou o seu cabelo com força, o que fez com que ela cortasse o nariz ao bater em uma parte do veículo antes de cair com a face virada para o chão.

Depois disso, o policial teria pressionado um dos joelhos sobre seu pescoço e ainda desferido uma sequência de agressões no rosto.

Liliane precisou levar 5 cm de pontos no nariz e fazer uma tomografia para verificar as extensões dos machucados em seu rosto, que ficou tomado por hematomas.

No exame, cinco dias depois do caso, foi comprovado que seu nariz foi quebrado em ambos os lados.

O primeiro médico que a atendeu no Pronto Socorro Municipal, ainda na manhã do dia 5, afirmou em seu laudo de lesão corporal que ela não apresentava nenhum sinal de embriaguez.

No laudo também é descrita a presença de edema (inchaço) em face moderado, com escoriações na região frontal, joelho esquerdo e antebraço esquerdo e equimoses (quando o sangue extravasado se infiltra e coagula nas malhas do tecido) nos olhos, lábios e no dorso da mão direita. Ainda é mencionado que as lesões só ocorreriam por meio de uma ação contundente no corpo de Liliane.

Agora, após a abertura da investigação, Liliane espera que o agente acusado pelas agressões seja afastado das atividades operacionais.

Em seu depoimento, ela afirmou ainda que "se não fosse pela presença do sargento no local dos fatos, que ouviu o meu grito de desespero pela minha vida e deu a ordem para que o outro policial saísse de cima de mim, eu não estaria aqui para contar essa história".