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Henry: 'Desculpe por ter mentido', repetia babá a delegado em depoimento

8.abr.2021 - Dr. Jairinho foi preso temporariamente no Rio de Janeiro Imagem: Vitor Brugger/Estadão Conteúdo

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

18/04/2021 04h00

O novo depoimento da babá Thayná de Oliveira Ferreira, que voltou atrás na sua versão anterior ao confirmar ao menos três agressões sofridas pelo menino Henry, morto na madrugada de 8 de março, foi marcado por momentos de emoção ao relembrar da criança. E, também, de arrependimento pela sua primeira versão sobre o caso, quando afirmou que a família tinha uma relação harmoniosa.

"O senhor me desculpe por ter mentido", repetia a babá no começo do relato ao delegado Henrique Damasceno, responsável pela investigação conduzida pela 16ª DP (Barra). O episódio foi revelado ao UOL pela advogada Priscila Guilherme Sena, que acompanhou o depoimento, registrado em vídeo com o consentimento da babá na segunda-feira (12).

A Thayná se emocionou bastante nos momentos em que lembrava do menino. Ficava dizendo que ele era muito carinhoso. Durante o depoimento, ela chorava muito e ficava pedindo desculpas ao delegado
Priscila Sena, advogada da babá Thayná Ferreira

Priscila Sena diz ter mantido contato diariamente com a babá desde o depoimento. "Ela relata que está sofrendo ameaças nas redes sociais".

A advogada revela ter sido contatada após receber a ligação de uma tia da babá em 9 de abril —um dia depois da prisão do vereador Dr. Jairinho (sem partido) e da professora Monique Medeiros por suspeita de atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas. Padrasto e mãe do menino são investigados por envolvimento no assassinato.

O momento era delicado para a babá. Após a prisão, a Polícia Civil do Rio falou que a babá havia mentido no depoimento e apresentou os prints do diálogo entre ela e a mãe de Henry, que revelavam agressões a Henry com rasteira e chutes. Veja a íntegra das mensagens.

'Doutora, eu vou ser presa?'

No último domingo (11), um dia antes do novo depoimento, a advogada Priscila Sena disse ter falado com Thayná pessoalmente pela primeira vez na casa da mãe da babá, em Bangu, zona oeste do Rio. Na conversa, que durou quase três horas, ela demonstrava nervosismo e acreditava que poderia ser presa.

"Ela [Thayná] me perguntou: 'Doutora, eu vou ser presa?'. Eu só falei que ela precisava contar a verdade. Aí, ela me contou exatamente o que está no depoimento, relatando os três casos de agressões, quando o menino aparecia machucado [após estar com Jairinho]", lembrou Priscila Sena.

Questionada sobre a primeira versão sobre o caso, quando disse à polícia que a relação da família era harmônica e não relatou os episódios de violência, a advogada disse que a babá se sentiu pressionada por Monique. "Ela se sentiu bastante pressionada pela Monique, e também ficou desconfortável com a abordagem do advogado [André França Barreto, que deixou o caso nesta semana]", disse.

Em depoimento, a babá disse ter sido levada ao escritório do advogado após a morte de Henry, onde falou com o advogado e com Monique.

'Tudo era muito louco naquele apartamento'

Advogada e babá voltaram a se encontrar apenas no dia 12 de abril já na 16ª DP (Barra), onde foi feito o depoimento, que durou mais de oito horas. Para a defensora, um dos momentos mais marcantes para Thayná ocorreu no dia do relato das agressões, também registradas no diálogo com a mãe.

"Ela [Thayná] ficou espantada com a reação da mãe. Depois do relato das agressões, a mãe falou: 'Nossa, eu vim correndo. Até borrei as minhas unhas'. Ela também se surpreendeu que, em vez de ficar com o menino, ela viajou [com Jairinho] um dia depois do episódio", observou. "Disse que tudo era muito louco naquele apartamento".

Após o término do depoimento, o delegado Henrique Damasceno perguntou se ela autorizaria um registro em vídeo. Após concordar, Thayná leu o próprio relato diante de uma câmera, acoplada em frente a um computador em uma sala da delegacia, e assinou o documento.

Em seguida, deixou o local com o rosto coberto até entrar no veículo do marido, que a aguardava em frente à delegacia.

Indicada para a família de Jairinho

Thayná, uma estudante de Psicologia que já conhecia a família de Jairinho, foi indicada pela própria mãe para trabalhar como babá de Henry, função que começou a desempenhar a partir de 18 de janeiro.

"Ela fez o que estava ao alcance dela. Passou as informações à mãe, achando que a mãe fosse tomar uma atitude. Mas isso não aconteceu", disse a advogada Priscila Sena.

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