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Pediatra questionou morte de Henry em conversa com a mãe: 'Era bem cuidado'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/04/2021 08h49

A pediatra de Henry Borel, de 4 anos, contatou Monique Medeiros vinte dias após a mãe relatar que o filho vomitava e tremia quando o padrasto, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido) se aproximava. Em uma troca de mensagens divulgada pela Revista Época, a profissional busca entender o que havia levado à morte da criança que, de acordo com ela, "era tão bem cuidada" e "saudável".

Henry Borel morreu no dia 8 de março e, no dia 10, a pediatra envia uma mensagem a Monique às 18h59 questionando o laudo complementar da necropsia feito no corpo do menino. A mãe afirma à pediatra, que também é sua prima, que Jairinho havia informado que o resultado do exame "detalhado" teria ido direto para a 16ª DP (Barra da Tijuca). Assim, o casal no momento não tinha conhecimento do conteúdo.

O laudo em questão apontava que o garoto havia morrido após ações contundentes que levaram à hemorragia interna e laceração hepática, conforme divulgou a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

A pediatra questiona novamente Monique, afirmando que queria saber porque Henry era "tão bem cuidado"."Eu não consigo imaginar o que pode ter acontecido". A mãe responde: "Estou até agora sem entender por que isso foi acontecer com meu menino".

No dia 16, Monique chamou novamente a pediatra para conversar sobre o assunto. Ela enviou um documento e em seguida pediu: "Prima, me ajuda a entender. Consegui agora. Ele chegou morto prima?". A profissional então afirma: "Sim. Foi feito de tudo e não voltou em nenhum momento". Ela ainda questiona se o advogado do casal teria acessado o laudo e qual seria a conclusão que ele chegou. Monique então responde que havia sido "hemorragia mesmo".

A conversa continua e a prima pede que novamente pelo documento. "Quando você puder e se puder me manda a foto pois eu gostaria de entender também o que aconteceu já que eu acompanhava ele e sei que era saudável".

No dia 18 de fevereiro, Monique relatou para a prima que Henry estava "com medo excessivo de tudo". "Tem um medo intenso de perder os avós, está tendo um sofrimento significativo e prejuízos importantes nas relações sociais, influenciando no rendimento escolar e na dinâmica familia", escreveu.

Na mensagem, a mãe ainda afirma que o garoto "disse até que queria que eu fosse pro céu pra morar com meus pais, em Bangu".

Monique também explicou a prima que Henry começou a terapia com uma psicóloga. Em depoimento à polícia, a profissional Érica Mamede disse não ter notado anormalidade no comportamento do menino e informou que foi procurada pela mãe do garoto porque ele não estava querendo frequentar a escola e ficar na casa dela, onde morava com o parlamentar.

Os registros do boletim médico apontam que o menino foi atendido no hospital no dia 13 de fevereiro. Na ocasião, Monique relatou que Henry havia caído da cama, no dia anterior, por volta das 17h, mesmo horário da conversa com a babá. O documento mostra que a criança estava mancando. Uma radiografia do joelho esquerdo também foi feita, mas o resultado diz que a estrutura óssea foi mantida.