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Psicanalista critica PL de abstinência sexual a adolescentes: 'demonização'

PL que cria o programa "Escolhi Esperar" deve ser votado pela Câmara Municipal de São Paulo na próxima quinta-feira (17) - Oliver Rossi/Via Getty Images
PL que cria o programa "Escolhi Esperar" deve ser votado pela Câmara Municipal de São Paulo na próxima quinta-feira (17) Imagem: Oliver Rossi/Via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

15/06/2021 19h47Atualizada em 16/06/2021 14h46

O professor e psicanalista Christian Dunker fez críticas ao projeto de lei, que preconiza a abstinência sexual como método contraceptivo para adolescentes, durante entrevista ao UOL News, programa diário transmitido pelo UOL, na noite de hoje. O PL que cria o programa "Escolhi Esperar" deve ser votado pela Câmara Municipal de São Paulo na próxima quinta-feira (17).

"É um retrocesso sem causa, sem fundamento, enquanto política de saúde pública. Isso meramente é a negação dos processos desenvolvidos, na constituição da sexualidade, na apropriação do corpo, nos cuidados inclusive reprodutivos... Quer dizer: tudo isso que foi se formando ao longo do século 20, 21, está sendo substituído por aquilo que existia no século 15, 13", criticou Dunker, autor do livro "Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muro" (2015), entre outros. "É uma política de infantilização e, indiretamente, da demonização da sexualidade. Ela [a sexualidade] passa a ser traduzida como algo perigoso, nocivo."

O autor do projeto polêmico é o vereador Rinaldi Digilio (PSL). Segundo ele, a proposta é "somar ao leque de políticas públicas a prevenção primária" à gravidez.

"O adolescente e a adolescente continuarão a ter acesso a camisinhas, anticoncepcionais, DIU e todos os métodos contraceptivos, mas também terão orientação por palestras ou individualmente, feitas por profissionais da saúde, para alertar para os riscos da gravidez precoce, sendo consequência de relações sexuais precoces."

O texto será votado em segundo turno, votação final, e se aprovado seguirá para a sanção do prefeito. Na primeira votação, ocorrida no ano passado, o texto criava uma semana de conscientização, e não um programa permanente. Por isso, os vereadores de oposição votaram a favor.

A Prefeitura de São Paulo emitiu parecer favorável ao texto, que tem como relator o líder do governo, Fabio Riva (PSDB).