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Após fala da Ceagesp, Araraquara acusa Jovem Pan de divulgar fake news

Araraquara decretou lockdown de domingo até o dia 27 para evitar o aumento de contágio do coronavírus - Divulgação/Prefeitura Araraquara
Araraquara decretou lockdown de domingo até o dia 27 para evitar o aumento de contágio do coronavírus Imagem: Divulgação/Prefeitura Araraquara

Ana Paula Bimbati

Do UOL, em São Paulo

22/06/2021 16h35

A Prefeitura de Araraquara acusou a Jovem Pan de divulgar fake news após uma entrevista do presidente da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o coronel Ricardo Mello Araújo. Na conversa, ontem, durante o programa "Os Pingos nos Is", o coronel disse que o município proibiu a abertura dos entrepostos durante o lockdown e o número de pessoas passando fome aumentou na cidade.

Araraquara começou um novo lockdown no domingo (20), após registrar crescimento de mais de 20% nos novos casos de covid-19 por três dias seguidos. O município já havia decretado a medida em fevereiro e, em seguida, viu os números de casos, mortes e internações caírem. Procurada, a Jovem Pan ainda não se manifestou.

À Jovem Pan, o presidente da Ceagesp disse que o cenário visto na cidade, durante uma ação de entrega de alimentos, era de "pós-guerra". "Nenhuma das outras cidades que eu vi a situação era tão crítica como essa, as pessoas fuçando o lixo. O prefeito realmente deixou eles em uma situação triste de ver", afirmou.

Em nota, a prefeitura afirmou que o decreto não fala do fechamento da Ceagesp, mas autoriza o abastecimento de alimentos e o transporte de mercadorias por serem considerados serviços essenciais. "Portanto, ou foi má leitura e interpretação do texto do decreto ou apenas má fé mesmo por parte da direção máxima da Ceagesp", apontou.

O município disse ainda que mantém diálogo com a direção do entreposto local, que "está completamente ciente sobre as parcerias estabelecidas e sobre a autorização para execução dos trabalhos tanto no primeiro lockdown como neste".

Bolsonaro também criticou prefeito

O presidente da Ceagesp afirmou que, durante uma ação de distribuição de alimentos na cidade, recebeu relatos de pessoas "passando fome em casa". O UOL pediu mais informações sobre a origem dos relatos à assessoria de imprensa. A resposta foi apenas que Araújo ouviu pessoas durante a ação.

"Esse prefeito se sente o dono da cidade. Ele deixar a pessoa morrer de fome na casa, dentro da sua casa? Isso é uma ação contra a humanidade. A cidade fica condenada a ficar presa dentro da sua casa", disse o coronel à Jovem Pan.

Araújo, que já foi comandante da Rota, foi indicado à Ceagesp pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O prefeito de Araraquara é o petista Edinho Silva, que já foi criticado pelo próprio presidente.

O UOL Confere já desmentiu, inclusive, uma fala de Bolsonaro durante uma live —ele disse que a fome aumentou na cidade após o lockdown. Dados de 2013, por exemplo, apontavam que cerca de 0,6% dos moradores viviam abaixo da linha pobreza. Em vídeo de resposta ao presidente, o prefeito disse que as ações de combate a fome são feitas de forma permanente e não apenas para "criar imagem, viralizar".

Hoje, a Prefeitura de Araraquara afirmou que tem investido na política de assistência e combate à fome. Do início da pandemia até hoje, a administração municipal informou ter distribuído mais de 25 mil cestas de alimentos, além de kits com produtos de higiene.

Segundo boletim da cidade, Araraquara registrou 494 mortes de covid-19. Nas últimas 24 horas, o município registrou a morte de um homem de 48 anos sem comorbidades. Hoje, 115 novos casos de coronavírus foram contabilizados.