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É uma resposta da sociedade, diz Erica Malunguinho sobre estátua incendiada

Colaboração para o UOL

26/07/2021 19h16Atualizada em 26/07/2021 20h04

A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) afirmou hoje, em entrevista ao UOL News, que o fogo ateado à estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo, no sábado (24), foi uma "resposta da sociedade".

Malunguinho comentou o caso e abordou o projeto de lei (PL) 404/2020, de sua autoria, que impede a homenagem a escravocratas e a eventos históricos ligados à prática escravista.

"É uma resposta, uma crítica da sociedade em relação a uma violência, porque há uma violência posta naquela imagem, no que ela representa e o que ela foi dentro do seu processo histórico. Quando eu proponho esse projeto para fazer um revisionismo histórico nas cidades é para exatamente repensar a história violenta ao qual esse país foi fundado e como essas imagens estão colocadas de forma compulsória, como se aquilo fosse um patrimônio", explicou a deputada.

Malunguinho disse ainda que seria inimaginável pensar na imagem do nazista Aldof Hitler "estampada" na Alemanha. "Então, por que a imagem de um genocida e escravagista, que capturou e matou indígenas, deve estar disposta sem que haja o mínimo de reflexão sobre isso?", questionou ela.

Na avaliação de Malunguinho, a história é feita de mudanças e permanências, embora algumas pessoas digam que tirar uma estátua vai apagar a história.

"Existia a Bastilha, e teve a derrubada da Bastilha, e isso faz parte da história. Assim como existiu o escravagista Borba Gato, a escultura dele foi construída, a queima dela também faz parte da história", falou.

"E esse projeto não está propondo queimar as estátuas, e sim propõe uma comissão da verdade, com antropólogos, com a sociedade civil e com historiadores para que essas imagens possam ser devidamente rotuladas, e transferidas para lugares que sejam de consenso."

A coordenadora do Movimento Negro Unificado, Iêda Leal, que também participou do UOL News de hoje afirmou que o importante é "revitalizar as mentes" e "contar as verdades".

"Esse processo da retirada dos opressores que são homenageados no país não tem volta. Nós estamos dizendo que vamos querer uma revisão, queremos que essas estátuas, esses opressores tenham o direito de estar na história, mas uma história contada de forma verdadeira. Isso é fruto da organização do movimento negro que chega hoje, em 2021, e diz que não quer mais, que agora queremos contar a nossa história."