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Garçom é espancado por homens que se recusaram a pagar almoço em SP

Câmeras de segurança registraram agressão no estabelecimento - Reprodução
Câmeras de segurança registraram agressão no estabelecimento Imagem: Reprodução

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

30/07/2021 15h31

O garçom Leonardo Bezerra, de 17 anos, foi brutalmente espancado na terça-feira (27) por dois homens que se recusaram a pagar o almoço de três crianças que os acompanhavam em um restaurante na Praia Grande, litoral de São Paulo.

Câmeras de monitoramento do restaurante revelaram imagens do grupo (dois homens, uma mulher e três crianças) durante o almoço e após o incidente. Nas cenas, o garçom aparece mancando após a agressão, sendo acudido pelos colegas de trabalho.

Leonardo contou ao UOL que trabalha no restaurante desde outubro do ano passado. Na porta do estabelecimento, uma placa grande avisa aos clientes que, assim como os adultos, crianças acima de 2 anos pagam pelo self-service.

Além disso, o jovem afirma que os clientes foram informados pelo funcionários da cobrança ao se sentarem na mesa.

Ele teve que ser levado às pressas para o hospital Irmã Dulce, onde realizou exames de raio-x e tomografia e permaneceu em observação até quarta-feira, quando recebeu alta.

"Nunca vi essas pessoas no restaurante antes. Minhas colegas que atenderam. Eu só passei pela mesa para deixar as bebidas, não troquei nenhuma palavra com eles. Temos um serviço de self-service em que se paga R$ 14,99 por pessoa. Todos comeram, mas na hora de pagar a conta, eles se recusaram a pagar a parte das crianças", contou.

leonardo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
O garçom Leonardo teve que ser levado ao hospital por conta das agressões
Imagem: Arquivo pessoal

Os homens então começaram a xingar a dona do restaurante, que estava no caixa no momento. No vídeo, é possível ver quando um deles, mais exaltado, deixa o local.

A proprietária então pediu a Leonardo que anotasse a placa do carro, que ainda estava parado num estacionamento em frente ao local. Um deles percebeu e retornou ao estabelecimento, gritando e xingando.

"Quando eu vi, ele já estava me dando socos. O outro surgiu de repente, pegou uma cadeira de plástico e arrebentou contra as minhas costas. Eu caí. A partir daí, eles começaram a me chutar e socar, até que eu comecei a ficar atordoado. Só lembro que um colega meu me puxou debaixo deles e me levou para dentro".

Apesar das câmeras não terem registrado o momento da agressão, no vídeo é possível ver o momento em que Leonardo é levado para o salão do restaurante por outro garçom. Um dos homens então entra no estabelecimento para continuar as agressões e é impedido por uma das crianças que estavam com o grupo.

"Eu escutava o menino gritando: 'Para, pai, para'. Meu nariz sangrava muito e eu não conseguia respirar direito. Meu corpo todo doía, não conseguia piscar o olho, foi horrível. Eu não tinha nada a ver com o que aconteceu, só anotei a placa do carro porque a minha chefe pediu. Depois que eu cheguei no hospital, apaguei. Não lembro de mais nada".

Sangue coagulado

A empresária Rosely Aparecida Bezerra, 38, mãe de Leonardo, está indignada com o que aconteceu. E também muito preocupada com o estado do filho. O caso foi registrado no 2º DP de Praia Grande, como lesão corporal de autoria desconhecida, e hoje ele deveria fazer o exame de corpo delito. Mas a mãe teve que pedir o adiamento.

"Leonardo acordou hoje assustado, cuspindo sangue escuro, coagulado. Vou levar ele ao médico. Tudo o que eu quero agora é encontrar esses marginais. Agredir um menino de família, que estava trabalhando, por dois pratos de comida? Quero que sejam encontrados, julgados e que paguem pelo que fizeram".

Apesar de estar com medo de retornar ao trabalho, receando que os agressores retornem, Leonardo diz que não vai desistir do emprego. Ele quer guardar dinheiro para custear as mensalidades da faculdade de Direito que pretende cursar em breve. Ele pretende ajudar outras pessoas que, como ele, sofreram injustiças.

"Entregamos à polícia imagens das câmeras de segurança, o número da placa do carro e o recibo do cartão de crédito que usaram para pagar a conta", afirmou Rosely. "Também conseguimos ampliar a imagem do rosto de um deles, estou espalhando nas redes sociais".

O UOL solicitou informações sobre o caso à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), que informou que "a equipe de investigação realiza diligências para a identificação dos autores e também ouvirá a vítima. O trabalho policial prossegue para esclarecer todas as circunstâncias do fato."