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Pastor é suspeito de abusar sexualmente de pelo menos 5 menores no Pará

Pastor suspeito de abusar de meninas no Pará - Redes sociais
Pastor suspeito de abusar de meninas no Pará Imagem: Redes sociais

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém (PA)

13/11/2021 16h47Atualizada em 14/11/2021 07h35

A polícia do Pará pediu a prisão preventiva do superintendente da Igreja do Evangelho Quadrangular em Altamira, pastor José Dorivaldo Teixeira, de 56 anos. Ele é suspeito de abusar sexualmente de pelo menos cinco meninas, entre crianças e adolescentes. O religioso está afastado da igreja desde o dia 8 de novembro. Segundo a defesa, o afastamento é para tratar problemas de saúde (leia mais abaixo).

Os casos começaram a vir à tona após a denúncia de uma das vítimas, realizada no dia 3 de novembro. De acordo com a defesa dela, a jovem, hoje com 18 anos, sofreu abusos dos 9 aos 14 anos e só teve coragem de denunciar quando já não morava mais no município, localizado no sudoeste do Pará.

Segundo a advogada Jéssica Guimarães, que defende a jovem, os abusos começaram logo após a morte do pai dela. "Ela sofreu muito. Geralmente os casos aconteciam em famílias vulneráveis, pobres, cujos pais eram falecidos ou de mães solteiras", disse.

Segundo os advogados que defendem as vítimas, o suspeito tinha sempre o mesmo modo de agir, usando a posição de religioso para se aproximar das jovens.

Chegava conquistando a confiança da família, dava presentes, oferecia carona, chamava as vítimas de filhas, mas por trás disso tudo as molestava, abusava de forma contundente" Jéssica Guimarães, advogada de uma das vítimas.


O caso chegou à advogada por meio da ONG Protege Brasil, organização internacional que atua na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, que já vinha acompanhando a situação.

Assim que a denúncia ganhou repercussão na mídia, outras vítimas procuraram a polícia. Duas delas revelaram que o pastor agia de maneira semelhante com elas.

"Em um dos casos, a vítima relata que ele (o pastor) esfregou as partes íntimas nela, quando ela foi entregar um bolo que seria para um evento da igreja. No outro, a jovem foi cumprimentá-lo e ele ficou encostando o corpo na região dos glúteos dela. A vítima inclusive contou para outras amigas do grupo de adolescentes e chorou muito", disse a advogada da Rede Protege, Karem Luz.

A advogada conta que as vítimas tinham medo de denunciar à época dos abusos, devido à influência que o religioso tem na cidade. "Uma delas chegou a contar para a mãe, mas ela não acreditou. Elas (vítimas) relataram que temiam que as pessoas não acreditassem por conta do poder de persuasão e manipulação dele."

Ontem (12), a Polícia Civil requereu a prisão preventiva do pastor José Dorivaldo Teixeira. O pedido ainda será avaliado pelo Ministério Público e encaminhado à Justiça.

Pastor - Redes sociais - Redes sociais
Defesa de reverendo diz que vai tentar outra medida cautelar
Imagem: Redes sociais

Advogado de pastor quer outra medida cautelar

O advogado de defesa do religioso, Joaquim Freitas, disse ao UOL que foi habilitado ontem e pediu acesso aos autos do processo, que corre em segredo de justiça, mas o juiz ainda não se manifestou sobre o pedido.

O defensor acrescentou que fez uma petição solicitando que o pedido de prisão preventiva do reverendo seja substituído por outra medida cautelar.

"Entendo que a prisão preventiva existe para garantir o bom andamento do processo, para evitar que o investigado fuja, ameace testemunhas, interfira na produção de provas, mas isso não existe porque ele compareceu espontaneamente à delegacia quando foi chamado. Tem mantido uma postura colaborativa. A Justiça pode lançar outras medidas cautelares diversas dela, como o recolhimento nos finais de semana, limitação de acesso às testemunhas, por exemplo", disse.

Ainda segundo o advogado, o reverendo trabalha na igreja há 23 anos e está afastado para tratamento de saúde desde o dia 8 de novembro. "Ele já vinha solicitando esse afastamento há um ano para tratar a diabetes tipo 2."