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Polícia disparou 1.514 tiros em operação no Complexo do Salgueiro, diz TV

22.nov.2021 - Corpos achados por moradores no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ) Imagem: Marcos Porto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

28/11/2021 23h51Atualizada em 29/11/2021 07h52

A Polícia Militar disparou mais de 1.500 tiros durante as 33 horas de operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), segundo informação divulgada na noite de hoje pela TV Globo, com base em registros de ocorrência do caso.

A ação no local começou às 8 h de sábado (20) e terminou somente às 19 h de domingo (21). No dia seguinte, moradores da comunidade retiraram nove corpos encontrados em um mangue, localizado aos fundos do complexo de favelas. Cinco deles tinham passagem pela polícia, sendo um citado em uma investigação.

Segundo a emissora, em um dos documentos consta, por exemplo, a quantidade de tiros efetuados pelos agentes ao longo da operação: foram 1.514 disparos feitos por 22 policiais —-10 sargentos, 11 cabos e 1 capitão—, ou 1 tiro a cada 1min18seg.

A ação no complexo ocorreu cerca de duas horas depois da morte do sargento Leandro Rumbelsperger da Silva, atingido por um tiro, que partiu de criminosos, e não resistiu. Ele fazia um patrulhamento de rotina na região. Segundo a PM, no domingo (21), Igor Souza Coutinho, de 24 anos, que seria um dos responsáveis pela morte do sargento, foi morto em um confronto.

No relatório operacional enviado ao MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) na última terça-feira (23), e ao qual o UOL teve acesso, o Bope —tropa de elite da PM do Rio— indica que não apreendeu nenhuma arma com os mortos encontrados por moradores em uma área de mangue no Salgueiro.

Durante a perícia no local das mortes, técnicos da Polícia Civil também não encontraram nenhum armamento. Os peritos da DHNSG (Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá) apreenderam apenas vestígios de 42 munições usadas no local. Segundo o Registro de Ocorrência, foram achados 25 estojos de munição de fuzil calibre.762, 12 estojos e um cartucho de fuzil .556. Também foram encontrados quatro estojos de calibre .9mm — usado em pistolas.

Ainda de acordo com o relatório, os policiais alegaram terem sido atacados por criminosos: "a equipe operacional ostensiva foi recebida por muitos disparos de arma de fogo de diversos elementos armados. Iniciou-se uma resposta proporcional a injusta agressão executada pelos marginais fortemente armados [sic]", diz o relatório.

Segundo o Bope, só após o suposto confronto é que os policiais foram apreender armas e drogas em outro local, uma igreja perto dali. Na igreja eles dizem ter encontrado "01 Pistola HK calibre 9mm, 01 Pistola Browninng calibre 9mm, 14 munições intactas calibre 9mm, 56 munições intactas de fuzil calibre 7,62 ,03 rádios transmissores, 01 aparelho de pontaria (mira telescópica), 02 carregadores de fuzil calibre AK 47, 03 carregadores de pistola calibre 9mm, 01 uniforme camuflado, 3734 sacolés de pó branco, 3760 sacolés de materiais assemelhado ao crack, 400 tabletes de maconha (pequenos), 413 tabletes de maconha (grandes)". calibre .9mm.

Churrasco e mensagens em bar

Moradores relataram à reportagem do UOL que PMs fizeram um churrasco antes e depois da operação do Bope nas proximidades do Complexo do Salgueiro. O endereço escolhido foi o Piscina's Bar, um estabelecimento que está fechado há meses. O evento ocorreu sem autorização dos donos.

No local, os PMs deixaram diversas inscrições com giz. Uma delas ironizava: "Obrigado pela recepção".A mensagem fazia referência à equipe Delta do Bope. "Ass: (Delta) force. Bonde dos caça siri. Variante (Delta)".

A equipe Delta é a apontada por moradores com a responsável pelas mortes. O grupo ficou responsável pelo patrulhamento na área de mangue onde os corpos foram encontrados.

Em outro local, os policiais fizeram menções ao Bonde do Ecko, maior milícia do Rio, ao miliciano Tandera, que comanda outro grande grupo paramilitar, e ao TCP (Terceiro Comando Puro), facção rival do Comando Vermelho, que controla o Complexo do Salgueiro.

Vítimas levaram 44 tiros

Os laudos cadavéricos mostram que 7 dos 9 mortos durante a operação foram atingidos na cabeça. Entre as vítimas, 6 foram atingidas por pelo menos cinco tiros, segundo os laudos de necropsia feitos pelo IML (Instituto Médico-Legal) e obtidos pelo UOL. Um dos homens foi baleado nove vezes.

Quem são os mortos

  • Kauã Brenner Gonçalves Miranda - 17 anos

Nove tiros: um no peitoral esquerdo; um no peitoral direito; três na parte de cima da coxa direita; um na parte interna da coxa direita; um na parte de fora do terço inferior da perna direita.

  • Rafael Menezes Alves - 28 anos

Seis tiros: um tiro no olho; três tiros no torso, sendo pelo menos um nas costas; tiro no braço direito.

  • Carlos Eduardo Curado de Almeida - 31 anos

Sete tiros: olho; têmpora esquerda; flanco direito; púbis (lado esquerdo); coxa direita e perna direita.

  • Jhonata Klando Pacheco Sodré - 28 anos

Cinco tiros: cabeça; parte direita das costas; Ilíaco direito; coxa direita; coxa esquerda.

  • Élio Da Silva Araújo - 52 anos

Três tiros: um na base do pescoço; um abaixo da escápula/omoplata esquerda; um abaixo da escápula/omoplata direita.

  • Douglas Vinícius Medeiros da Silva - 27 anos

Um tiro: face lateral esquerda do pescoço.

  • David Wilson Oliveira - 23 anos

Cinco tiros: região ocipital à direita; lábio superior; flanco direito; coxa esquerda e coxa direita.

  • Igor da Costa Coutinho - 24 anos

Dois tiros: Face destruída e tiro no braço esquerdo.

  • Ítalo George Barbosa de Souza Gouvêa Rossi - 33 anos

Seis tiros: base do crânio; tórax do lado esquerdo; tórax do lado direito; região lombar; punho esquerdo; punho direito.

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