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Mulher é socorrida de bicicleta após tentar acionar Samu por 1 hora em SP

Por cerca de uma hora, parentes de Tatiane tentaram ligar para o Samu, mas filha diz que serviço não atendeu as ligações Imagem: Reprodução/Prefeitura de Praia Grande/Arquivo Pessoal

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos

17/01/2022 18h30

Após passar mal e tentar por mais de uma hora chamar o Samu para o envio de uma ambulância, a dona de casa Tatiane de Mascena Correa, 40, teve que ser socorrida de bicicleta na noite da última sexta-feira (14) até o hospital Irmã Dulce, na Praia Grande, litoral de São Paulo.

Tatiane estava em casa, no bairro Jardim Guaramar, com o marido e o filho mais novo, de 12 anos, quando, por volta das 18h30, começou a se sentir mal, com sintomas de dores no peito, fraqueza e visão turva. A família desconfiou que ela estava sofrendo um infarto.

A filha mais velha, Thamires de Mascena da Silva, 22, que mora em Santos, município vizinho, estava em casa com o marido e os dois filhos pequenos, de 5 e 2 anos, quando recebeu a notícia de que a mãe estava passando mal.

Imediatamente, ligou para o Samu, mas o serviço não atendeu a chamada. Ela conta que o padrasto, duas tias e duas primas se somaram na missão de tentar solicitar resgate, sem sucesso. Diz ainda que alguns amigos se juntaram à tentativa, entre 19h e 20h, até desistir.

"Tomamos um susto enorme, foi bem no dia do aniversário dela", contou a jovem ao UOL. "Meu padrasto já tinha tentado entrar em contato com o Samu, mas também sem sucesso. Eu comecei a ligar feito louca e pedi para nossos amigos e familiares ajudarem. Depois de uma hora tentando, eu liguei para o meu padrasto e falei: 'leva a mãe de bicicleta mesmo, se ela está tendo um infarto, não adianta ficar esperando'".

O padrasto de Thamires então acomodou a esposa na garupa da bicicleta e pedalou do Jardim Guaramar até o Hospital Irmã Dulce. Um trajeto de cerca de 2,5 km e que pode durar entre 10 e 20 minutos.

A dona de casa foi levada na garupa de uma bicicleta até o hospital, a cerca de 2,5 km da residência da família Imagem: Reprodução/Google Maps

"Minha mãe é uma mulher guerreira, muito turrona. Se ela disse que precisava de uma ambulância, é porque realmente não se sentia bem. Eu fiquei desesperada porque o Samu não atendia. Começamos a ligar também para as unidades de saúde da cidade, mas também sem sucesso. Só conseguimos, através do 192, falar com o Samu de Cubatão, mas é um município mais distante, eles não conseguiriam chegar a tempo".

A jovem conta que, ao chegar à unidade de saúde, Tatiane foi levada para a emergência e realizou diversos exames, entre eles um eletrocardiograma, quando foi constatado que ela estava mesmo tendo um princípio de infarto. "Os médicos elogiaram a atitude do meu padrasto de trazê-la na bicicleta; eles disseram que mais alguns minutos e o coração poderia parar", afirma.

Após ser medicada e ter a pressão normalizada, Tatiane foi liberada. Os médicos receitaram alguns medicamentos para que ela tomasse em casa e deram a orientação para que ela se apresentasse para acompanhamento no posto de saúde próximo à residência da família.

Filha sonhou com mãe morta

Thamires diz que dois dias antes do ocorrido sonhou com a mãe passando mal, com dores no peito. No sonho, ela também teve problemas em buscar socorro. "Quando a ambulância chegou e a levou para o hospital, já estava morta. Acho que, por isso, quando meu padrasto me ligou, entrei em desespero. Eu temia que o sonho pudesse estar acontecendo ali, na minha frente, no mundo real".

A jovem diz que a mãe se sente melhor, mas que está apresentando um quadro de perda de memória que ainda a preocupa. "Não sabemos se ela sofreu algum dano neurológico. Ela deveria ter ficado no hospital, em observação, mas aconteceu que a mandaram para casa".

Thamires criticou o serviço público de saúde de Praia Grande e diz que espera que outras famílias não precisem nunca mais passar pelo que a sua família passou na última sexta-feira.

Por meio de nota, a prefeitura de Praia Grande informou que a Central Telefônica do Samu é regional e que fica em Itanhaém. Ainda na nota, o órgão diz que Praia Grande possui nove ambulâncias em operação, sendo sete de suporte básico e duas de suporte avançado. Quanto ao caso de Tatiane, a prefeitura informou que "não houve registro de acionamento deste caso em específico".

A prefeitura de Itanhaém, município onde está localizada a Central de Regulação de Urgências da região, informou que o serviço estava funcionando normalmente na noite de sexta-feira e que, nos horários citados, não existe registro de chamada da paciente Tatiane de Mascena Correa solicitando o serviço.

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