Morador de SP faz menos abaixo-assinado por melhoria e usa mais rede social
Os moradores da cidade de São Paulo diminuíram os pedidos por melhorias na cidade por meio de abaixo-assinado, mas aumentaram o uso das redes sociais para esse fim, indica pesquisa da Rede Nossa São Paulo em parceria com o IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) divulgada nesta quinta-feira (20).
O levantamento indica que o número de paulistanos que realiza abaixo-assinado caiu de 26% em 2020 para 18% em 2021.
Por outro lado, a proporção de moradores da capital que decidiu "compartilhar notícias sobre o município pelas redes sociais" como uma forma de pedir melhorias à prefeitura aumentou um ponto percentual, na comparação com o mesmo período.
Jorge Abrahão, diretor presidente do Instituto Cidades Sustentáveis, afirma que essas mudanças são reflexo de outro dado que considera preocupante: o aumento no número de moradores da capital que dizem não participar da vida política na cidade. O índice subiu de 46%, em 2020, para 52%, no ano passado.
"As pessoas não lembram, por exemplo, em quem elas votaram. Existe uma distância da sociedade com temas que são importantes para a população e a pesquisa aponta esse cenário", afirma Abrahão.
Para ele, a prefeitura deve "aproveitar" os espaços em que a sociedade já está inserida, como as redes sociais, para promover espaços de diálogo e entender as demandas prioritárias.
"Na impossibilidade de criar espaços físicos, ainda mais em uma cidade grande como São Paulo, o governo pode usar espaços já estimulados. As redes sociais já são um convite para aproximação", avalia.
Procurada pela reportagem, a gestão de Ricardo Nunes (MDB) disse que as redes sociais são "canais informativos diretos, portanto não se comprometem em atender individualmente cada usuário". O município indica ainda que os moradores fazem suas solicitações pelos canais oficiais como site ou o telefone 156.
"Atualmente, são 621 serviços disponíveis para todos os cidadãos. Somente em 2021, foram recebidas mais de 2,9 milhões de solicitações pelos canais do SP156 (central telefônica, portal e aplicativo)", informou a gestão municipal.
A pesquisa também perguntou aos moradores quais ações poderiam possibilitar uma maior participação da população nos conselhos municipais.
- Para 25%, o cenário mudaria caso as decisões dos conselhos fossem atendidas e
- 24% afirmaram que uma maior divulgação de dados e soluções dos grupos poderia possibilitar uma mudança.
Em uma cidade como São Paulo, é preciso definir prioridades. Mas há grupos em redes sociais organizados, e a prefeitura pode usar disso. Não dá para atender todo tipo de demanda, mas é possível fazer um escalonamento de prioridades e promover o diálogo com os diferentes grupos da sociedade."
Jorge Abrahão, diretor presidente do Instituto Cidades Sustentáveis
Violência e barulho
A pesquisa também questionou os moradores da capital sobre o que menos gostam em seus bairros.
- A violência lidera o ranking, com 24%,
- Seguida por barulhos de festa, com 21%, e
- Barulhos dos carros ou motos, com 9%.
Por outro lado, a facilidade de acesso a mercados e hortifrutis foi escolhida por 22% dos entrevistados como o que mais gostam em seus bairros. Em segundo lugar, a facilidade de acesso ao transporte público (14%) e de postos de saúde (12%).
Os dados, segundo Abrahão, representam um instrumento importante para a prefeitura e a Câmara Municipal. "Nós estamos falando das fragilidades que o morador da cidade enxerga e com isso o poder público pode fazer investimentos, definir orçamentos diferenciados e entender o que precisa melhorar o quanto antes", explica.
A prevenção da violência, por exemplo, que não é uma atribuição apenas da prefeitura, indica a necessidade de um diálogo, segundo Abrahão, com o governo estadual, responsável pela Polícia Militar.
Igreja
Liderando ranking há quatro anos, a igreja continua sendo citada como principal organização que contribui para melhora da qualidade de vida. Em 2021, a igreja ficou com 22%, pouco abaixo dos 25% registrados em 2020. Em 2019, foram 22% e em 2018, 19%.
As associações de bairro, com 18% neste ano, ocuparam o segundo lugar da lista. Elas conversam diariamente com os moradores e estão mais próximas da realidade local.
A prefeitura de São Paulo aparece em quarto lugar, mas teve uma redução em comparação com o ano anterior —caiu de 16% em 2021, para 14% em 2020.
"Para transformarmos algo, precisamos de informação, conhecimento e consciência. Com os dados é possível fazer mudanças em áreas que estão sendo criticadas pela população", afirma o diretor presidente do instituto.
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