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Pesquisadores descobrem que sítio arqueológico em Goiás tem 3,5 mil anos

Toca da Anta é o mais novo sítio descoberto  - Divulgação/Iphan
Toca da Anta é o mais novo sítio descoberto Imagem: Divulgação/Iphan

Do UOL, em São Paulo

01/02/2022 15h35Atualizada em 01/02/2022 15h35

Pesquisadores descobriram que um sítio arqueológico no município de Montes Claros de Goiás (GO) possui 3,5 mil anos, segundo informou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). As pesquisas no local já ocorriam desde 2019, mas foi apenas nas últimas semanas que os arqueólogos conseguiram datar a história do local.

Amostras de carvão foram enviadas para o Laboratório Beta Analityc, em Miami, nos Estados Unidos, para datação por radiocarbono. O resultado mostrou que os registros são de 3.500 anos atrás. Ao UOL, Mozart Júnior, coordenador geral do projeto que é liderado pela Sapiens Arqueologia, explicou que a datação é um passo muito importante para o estudo, já que o sítio, intitulado Toca da Anta, está localizado em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, o que dificultaria o reconhecimento histórico.

"Para a arqueologia brasileira é difícil conseguir a datação porque lugares que já passaram por processos de plantio podem desestruturar tudo o que estão nos sítios arqueológicos", explica Júnior. "A datação ajuda a mostrar a cronologia das ocupações no local".

Ao todo, 3.229 artefatos foram coletados e submetidos às etapas de curadoria e análise em laboratório. A descoberta se deu por uma pesquisa arqueológica realizada no âmbito do processo de licenciamento ambiental. O sítio está inserido em zona preservada, em uma área delimitada de 7.640 m² e as escavações alcançaram 2,5 metros de profundidade.

artefatos - Divulgação/Iphan - Divulgação/Iphan
Cerca de 3.229 foram descobertos
Imagem: Divulgação/Iphan

Em um primeiro momento, os arqueólogos encontraram materiais cerâmicos, pedra lascada e carvão, associados a grupos horticultores-ceramistas. Em uma sequência das pesquisas, houve uma alta incidência de material em pedra lascada, vinculado a grupos caçadores-coletores.

Dentre os artefatos descobertos, estão ferramentas de corte e raspadores de pedras, restos ósseos, porções de carvão, além da identificação de pinturas rupestres em três painéis. "A pintura foi produzida pelos grupos mais antigos, dos caçadores-coletores, porque o ocre, tinta que eles usavam, estava associada aos artefatos mais profundos", explicou Júnior.

Todo o acervo foi encaminhado para a reserva técnica do Museu Histórico de Jataí (GO).

Danilo Curado, arqueólogo do Iphan de Goiás, afirmou que "o acervo arqueológico gerado na pesquisa demonstra o longo período de habitação da área e as boas condições que o local fornecia ao longo de milênios." Ainda, segundo ele, "os fragmentos de carvão, por exemplo, podem ter sido resultado de fogueiras feitas pelo homem."

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Pinturas rupestres são identificadas em sítio arqueológico em Montes Claros de Goiás
Imagem: Divulgação/Iphan

A Toca da Anta é a maior descoberta no Parque Industrial do Setor Elétrico de Bioenergia. "Em 2019 iniciamos o processo de licenciamento destas áreas e esse processo inicial é apenas um projeto de prospecção, de tentar encontrar sítios arqueológicos. Na época, encontramos cinco sítios, incluindo a Toca da Anta", conta Júnior.

Apenas no ano passado foi iniciado o processo de salvamento destes sítios arqueológicos, com o resgate dos artefatos.

Segundo o Iphan, só no município de Montes Claros de Goiás já foram identificados 19 sítios arqueológicos que também foram cadastrados pelo CNA (Centro Nacional de Arqueologia) do instituto.