Genivaldo: Não vejo 'motivo' para prender agentes, diz delegado da PF em SE
Fredson Vidal, delegado da PF (Polícia Federal) em Sergipe, disse não ver "motivos" para a prisão dos agentes envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos, um homem negro de 38 anos morto em Umbaúba, município no litoral sul de Sergipe após a ação dos policiais rodoviários federais. As imagens chocaram o país esta semana.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) informou, na quinta-feira (26), que afastou os agentes envolvidos na abordagem violenta que terminou com a morte de Genivaldo. Além disso, o órgão disse que abriu um processo disciplinar para "elucidar os fatos".
A declaração de Vidal foi concedida ao Fantástico, da TV Globo, que obteve imagens da perícia da viatura em que a vítima foi colocada. Questionado se a Polícia Federal via razões para prender os agentes envolvidos na morte de Genivaldo, o delegado declarou que "não".
Não. A investigação está em andamento, está fluindo, a polícia rodoviária está contribuindo com a investigação desde o início. Então, a meu ver, não tem motivo para se subsidiar qualquer tipo de prisão dos policiais. Fredson Vidal, delegado da Polícia Federal em Sergipe
A investigação do caso está sendo realizada pela PF. O órgão mandou a Sergipe quatro peritos federais do Instituto Nacional de Criminalística da Diretoria Técnica Científica. A expectativa é que o inquérito aberto seja finalizado em até 30 dias. O MPF (Ministério Público Federal) também acompanha o caso e abriu dois procedimentos, um cível e outro criminal, para investigar as circunstâncias da morte.
Depois da resposta, o repórter da emissora questionou se uma pessoa comum estaria presa hoje caso tivesse cometido o mesmo crime contra Genivaldo. O delegado disse que não poderia responder se sim ou não.
"Eu não posso te afirmar se estaria ou não preso. É um caso bem polêmico, realmente impactante, traumático para quem vê as imagens."
O Fantástico apontou três nomes como sendo dos policiais que participaram da ação que levou à morte de Genivaldo, no entanto, os nomes não foram confirmados pela PRF.
O que diz a PRF?
Ontem, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgou um vídeo institucional para informar que assistiu "com indignação" ao vídeo que mostra a ação de policiais rodoviários federais durante a abordagem que levou à morte de Genivaldo de Jesus Santos.
A instituição também apontou que "não compactua com qualquer afronta aos direitos humanos" e "busca aperfeiçoamento na abordagem de pessoas com transtornos mentais", como era o caso da vítima.
Marco Territo, coordenador-geral de comunicação institucional da PRF, declarou que a ação dos policiais é uma "conduta isolada que não reflete" o posicionamento de outros agentes. O órgão ainda declarou que "desde o primeiro instante" a PRF não se negou a agir no caso e "imediatamente instaurou procedimento administrativo disciplinar, afastando os policiais envolvidos de todas as suas atividades".
Apesar da declaração, a PRF de Sergipe, em nota oficial na quinta-feira (26), afirmou que usou "técnicas de menor agressividade" para dominar Genivaldo, destoando do conteúdo gravado por testemunhas durante a ocorrência. Ainda no texto, a corporação narrou que, durante a abordagem, o homem "resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe da PRF".
A PRF de Sergipe ainda continuou o texto apontando que, em razão da "agressividade" de Genivaldo, segundo a corporação, os agentes empregaram "técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à delegacia da polícia civil da cidade".
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