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Pescadores prometeram 'acertar contas' em ameaça a indigenista desaparecido

O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira  - Foto@domphillips no Twitter e Bruno Jorge/ Funai
O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira Imagem: Foto@domphillips no Twitter e Bruno Jorge/ Funai

Do UOL, em São Paulo

06/06/2022 14h50Atualizada em 06/06/2022 18h15

O indigenista Bruno Araújo Pereira, da Funai (Fundação Nacional do Índio), desaparecido desde a manhã do domingo (5), junto ao jornalista britânico Dom Phillips, havia recebido ameaças de pescadores que atuavam de forma ilegal em rios amazonenses, em carta reproduzida pelo jornal O Globo.

As ameaças feitas contra ele foram transcritas em uma carta enviada à Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) e divulgadas pelo diário na tarde de hoje.

"Sei que são vocês que estão perseguindo os trabalhadores que pescam para sobreviver. Já estamos cansados dessa perseguição de vocês índios contra a família dos trabalhadores", diz trecho da ameaça, que, além de Bruno, cita "Beto Índio", como é conhecido Beto Marumbo, coordenador da Univaja.

"Sei quem são vocês e vamos achar para acertar as contas", diz outro trecho da ameaça.

Bilhete de ameaça a indigenista foi anexado em carta - Reprodução - Reprodução
Bilhete de ameaça a indigenista foi anexado em carta
Imagem: Reprodução

Desaparecimento

Bruno e Dom, que é jornalista do The Guardian, foram vistos pela última vez por volta das 7h de ontem em um barco após saírem da comunidade Ribeirinha São Rafael, no Vale do Javari, na Amazônia. De lá, partiram para a cidade de Atalaia do Norte, onde eram aguardados por duas pessoas ligadas à Univaja. Após um atraso de mais de duas horas, foi dado início às buscas.

A Univaja informou que a dupla se deslocou inicialmente para visitar uma equipe de vigilância indígena próximo à localidade chamada Lago do Jaburu, nas imediações da base da Funai no Rio Ituí, para que o jornalista conversasse com indígenas no local.

Onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

As entrevistas, segundo a Univaja, foram feitas na sexta-feira (3). No retorno, ainda de acordo com a entidade, a dupla foi à comunidade São Rafael, onde Bruno Pereira tinha reunião agendada com o líder comunitário conhecido como "Churrasco" para consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na região, afetada pela ação de invasores.

Ainda segundo a Univaja, Bruno se reuniu com a esposa do líder comunitário, já que ele não estava no local. De lá, partiu em uma embarcação com o jornalista britânico Dom Phillips para Atalaia do Norte. Contudo, a dupla desapareceu antes de chegar ao destino combinado.

O MPF (Ministério Público Federal) disse ter notificado a Marinha, que ficará encarregada pelas buscas. O órgão informou ainda ter acionado Polícia Federal, Polícia Civil, Força Nacional e Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari. Ainda não há informação sobre o paradeiro dos desaparecidos.