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EUA não pediram extradição de mulher da casa abandonada, mostra TV

Margarida foi acusada de ter mantido uma funcionária em condições análogas à escravidão nos EUA - Instagram/@amulherdacasaabandonada
Margarida foi acusada de ter mantido uma funcionária em condições análogas à escravidão nos EUA Imagem: Instagram/@amulherdacasaabandonada

Do UOL, em São Paulo

08/08/2022 00h57Atualizada em 08/08/2022 13h55

Em abril de 2000 um inquérito foi aberto no Brasil contra Margarida Bonetti após um representante da embaixada dos Estados Unidos informar à polícia de São Paulo que o governo americano iria "pedir formalmente a extradição de Margarida". Para isso, os EUA facilitariam "o intercâmbio de todas as informações e evidências relevantes" contra ela, mas o processo não foi para frente por falta dos dados.

As informações constam em um inquérito aberto contra ela no Brasil, ao qual o Fantástico, da TV Globo, teve acesso. Margarida ficou conhecida como "mulher da casa abandonada", tema de podcast da Folha de S. Paulo produzido por Chico Felitti.

Margarida foi acusada, nos Estados Unidos, de ter mantido uma funcionária em condições análogas à escravidão entre o fim da década de 1970 e o começo dos anos 2000. O marido dela à época, Renê Bonetti, também foi acusado. Ele foi julgado e preso, já a mulher voltou ao Brasil e não respondeu ao processo.

O inquérito mostra, no entanto, que mais de três anos depois, em agosto de 2003, o juiz do caso solicitou "intervenção do Ministério da Justiça junto ao procurador-geral dos Estados Unidos". O magistrado reclamava por não ter obtido respostas das autoridades americanas. Seis meses depois, um funcionário da pasta informou que "o departamento de Justiça norte-americano ainda não tinha transmitido a informação requerida sobre Margarida Bonetti".

A polícia de SP até tentou localizar Margarida, mas não obteve sucesso. Com isso, em março de 2005, o delegado decidiu pelo indiciamento indireto da acusada. Esse é um recurso para julgar uma pessoa que não foi localizada quando a autoridade policial tem convicção de que há elementos para indiciá-la.

"Tendo em vista as inúmeras tentativas de se localizar Margarida Bonetti, que fugiu para o Brasil pra não responder ao processo em trâmite nos Estados Unidos, proceda-se o seu indiciamento indireto", justificou.

Porém, o promotor Mário Fernando Pariz não concordou com o indiciamento e pediu o arquivamento do caso. Procurado pelo Fantástico, ele explicou que não havia provas de que Margarida voltou ao Brasil, e que ela nunca foi encontrada no país.

Ainda segundo ele, "só suspeitas não bastam para autorizar a ação penal" e que "dados probatórios e esclarecedores da investigação americana não vieram de forma oficial". Com isso, o juiz concordou com os argumentos da promotoria e determinou que o caso fosse arquivado.

Procurada pelo Fantástico, a embaixada dos EUA disse que não vai se pronunciar porque o caso está resolvido.