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Ex-atacante de Flamengo e Santos, vereador é acusado de estupro em SP

Colaboração para o UOL

16/09/2022 13h29

A Câmara de Vereadores de Praia Grande, no litoral de São Paulo, recebeu um pedido de cassação contra Whelliton Silva (PL). O vereador, que foi jogador de futebol e se tornou conhecido como atacante do Flamengo e do Santos, foi denunciado por estupro, "rachadinha" e abuso de autoridade. Ele alega ser vítima de "armação política".

A denúncia foi recebida pela Casa durante sessão realizada na tarde de terça-feira (13), e três vereadores sorteados encabeçarão uma Comissão Processante para apurar as denúncias feitas publicamente pela munícipe Letícia Almeida Holanda de Albuquerque.

Em discurso realizado na terça-feira, logo após a leitura da denúncia, durante a sessão parlamentar, o vereador refutou todas as acusações e se disse perseguido politicamente.

A petição protocolada por ela foi lida durante a sessão. Ela solicita a cassação do vereador por quebra de decoro parlamentar por conduta improba e abuso. Letícia afirma que, no dia 2 de abril, teria sido vítima de estupro de vulnerável em razão de estado de embriaguez. Ela afirma, no documento, que o vereador teria dado doses de bebida a ela e a teria levado ao apartamento dele, onde teria consumado o estupro.

Tal fato, segundo relata, teria gerado "grave abalo psicológico", inclusive com o surgimento de pensamentos suicidas. Ela alega que teve que ser internada com urgência, tendo os laudos desse período sido anexados à denúncia.

Letícia afirma que apresenta Síndrome de Borderline desde janeiro de 2021 e recorre a medicamentos, fato que seria sabido pelo denunciado. Ou seja, segundo a denunciante, ele sabia que ela não poderia ingerir bebida alcoólica em razão dos medicamentos.

Além disso, ela conta que o vereador e sua esposa teriam prometido ascensão profissional a ela, com indicação para ser assessora parlamentar, com remuneração de R$ 2,4 mil. No entanto, a remuneração real para o cargo é de R$ 12,2 mil.

A diferença, segundo ela, deveria ser devolvida ao vereador através de saques bancários ou pagamento de boletos, configurando em tese improbidade administrativa, corrupção ativa e peculato, a chamada "rachadinha". Segundo Letícia informa no documento, houve pedido formal para a criação do cargo.

A terceira e última acusação diz respeito ao suposto abuso de poder praticado pelo vereador. Segundo Letícia, ele teria se valido de sua posição para mobilizar a Guarda Municipal da cidade em uma perseguição motorizada ao carro da denunciante.

Em nota, a Câmara Municipal de Praia Grande confirmou a instauração de uma Comissão Processante que vai analisar a cassação do mandato do vereador Whelliton Augusto Silva. O grupo é composto por três vereadores: Carlos Eduardo Barbosa (presidente), Hugulino Alves Ribeiro (relator) e Rômulo Brasil Rebouças (membro).

A comissão tem 90 dias para concluir os trabalhos. Transcorrido o prazo sem o julgamento, a ação é arquivada. O processo de cassação segue o rito estabelecido pelo artigo 5º do Decreto 201/67.

Vereador se diz perseguido politicamente

O UOL entrou em contato com a assessoria de Whelliton Silva, para obter o seu posicionamento oficial a respeito do caso, mas até o momento a equipe não havia respondido.

Na terça, Whelliton Silva discursou e se defendeu das acusações. "Muito triste o que está acontecendo nesta Casa hoje. Sendo usada politicamente. Porque não gosta de mim, não gosta da Janaína [esposa do vereador], não gosta de A, não gosta de B. A meu ver, uma denúncia grave como essa tem que ser feita por partido político ou pela Mesa Diretora, não por qualquer um que chega aqui na Casa e coloca uma petição dessas, com denúncias gravíssimas, com dedos de vereadores desta Casa", afirmou.

Segundo Silva, o inquérito só não está arquivado porque ele e a esposa peticionaram, junto à Polícia Civil, averiguação do que chama de "falso testemunho" de pessoas ligadas à Câmara, em favor da denunciante. Ele diz ainda que uma dessas testemunhas teria levado e trazido Letícia da delegacia, no dia em que ela registrou boletim de ocorrência.

Um vídeo postado hoje no Instagram do candidato mostra as duas juntas na ocasião. "Estou sendo vítima de uma armação política orquestrada por pessoas inescrupulosas que se aliaram a uma irresponsável, mas não impunível. Sigo certo que a justiça será feita e tanto essa irresponsável quanto os que estão por trás dessa armação, serão responsabilizados", escreveu o vereador no post.