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Jovem que teve testa tatuada com 'sou ladrão e vacilão' é detido em SP

Ruan, 22, foi tatuado à força em 2017; dependente químico, ele foi preso duas vezes nos anos seguintes - Reprodução/Redes Sociais
Ruan, 22, foi tatuado à força em 2017; dependente químico, ele foi preso duas vezes nos anos seguintes Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Do UOL, em São Paulo

28/11/2022 10h23Atualizada em 28/11/2022 18h47

Ruan Rocha da Silva, 22, que virou notícia em 2017 ao ter a frase "Eu sou ladrão e vacilão" tatuada à força na testa, foi detido em Cotia, na Região Metropolitana de São Paulo, suspeito de tentar furtar objetos em uma casa da região.

O rapaz, que ainda era um adolescente quando teve o rosto marcado, foi detido pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) suspeito de invadir um apartamento no início da manhã de ontem. Segundo os moradores, ele pulou a janela do banheiro e foi visto na sala da residência pelas vítimas, que acionaram os guardas.

Ele foi preso ainda no local, na rua Potengi. A ocorrência foi confirmada ao UOL pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), que informou que Ruan foi encaminhado à UPA Atalaia, no centro de Cotia, para atendimento médico. Depois, o suspeito foi conduzido à delegacia da cidade.

Até a manhã de hoje, ele ainda aguardava para passar por exame de corpo de delito.

Dependente químico desde a época em que foi tatuado à força, Ruan também foi detido em março de 2018, por furtar desodorantes em um supermercado, e em fevereiro de 2019, após ser flagrado fur­tando R$ 20, um moletom e um celular em uma unidade de Saúde de São Bernardo do Campo, mesma cidade em que sofreu a violência em 2017.

Pelo segundo crime, ele foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão em regime semiaberto. Na sentença, a juíza pelo caso afirmou que era necessário que o jovem continuasse preso e fosse impedido de recorrer em liberdade.

"Considerando que o réu demonstrou ser pessoa perigosa ao convívio social, haja vista o emprego de violência exercida contra uma das vítimas, considerando, ainda, que o acusado já se viu envolvido com a Justiça, ainda quando menor, às voltas com a prática de atos infracionais, a situação evidenciada no caso concreto justifica a manutenção de sua prisão preventiva".

Após a prisão na manhã de ontem, autoridades não divulgaram a identidade do advogado de Ruan. O espaço segue aberto para manifestação da defesa.

Relembre o caso

Em junho de 2017, um vídeo viralizou nas redes sociais ao mostrar dois homens tatuando à força um adolescente após uma suposta tentativa de roubo. Em sua testa, lia-se a frase "Sou ladrão e vacilão".

A repercussão fez com que os responsáveis pela violência, um tatuador identificado como Maycon e seu vizinho Ronildo, fossem presos em São Bernardo do Campo. De acordo com depoimento prestado à polícia, eles confessaram o crime e alegaram que Ruan roubou uma bicicleta do tatuador.

A investigação apontou que, na verdade, nenhum dos investigados era o dono do veículo.

Na época do vídeo, a família de Ruan o reconheceu e acionou a polícia, afirmando que ele estava desaparecido havia mais de uma semana. Usuário de drogas, o jovem foi encontrado alguns dias depois da gravação e internado em uma clínica de reabilitação para o tratamento de crack e álcool em Mairiporã.

O adolescente também passou por sessões de retirada da tatuagem, feita em um quarto de pensão que havia sido alugado por Maycon.

Em entrevista à "Folha de S. Paulo", ele negou ter tentado furtar a bicicleta, disse que estava muito bêbado quando entrou no condomínio e que só "colocou a mão em uma bicicleta". Ele disse ter implorado para não ser marcado e que quis morrer depois porque estava muito envergonhado.