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Advogado de vítimas de racismo vai processar shopping de SP: 'Omissão'

O advogado das mulheres vítimas de racismo em um restaurante localizado no shopping Open Mall The Square, na Granja Viana, bairro nobre de Cotia, na Grande São Paulo, afirmou que vai processar o estabelecimento por não ter agido durante o crime.

O que se sabe

O advogado das mulheres, José Luiz de Oliveira Júnior, afirma que procurou o estabelecimento para um acordo na quinta-feira (13). Segundo ele, foi apresentada uma proposta para a realização de palestras sobre racismo para os funcionários do local. Contudo, o acordo foi negado, segundo Oliveira Júnior.

A ação movida pelas mulheres será pelo fato de o estabelecimento não ter agido no momento em que o crime de racismo ocorria no restaurante. "Será não oferecer no momento adequado prestação de serviço com relação à segurança e à liberdade que a criminosa teve de sair do shopping sem nenhum tipo de constrangimento podendo até existir a possibilidade do crime de favorecimento real", diz o advogado.

O estabelecimento afirmou que é contrário ao racismo — e que vai "colaborar com as autoridades" que investigam o caso.

O advogado afirma ainda que o shopping deveria ter prestado apoio às mulheres negras discriminadas. O advogado diz ainda que a responsabilidade do estabelecimento também se dá pela "omissão dos funcionários que também poderiam ter sido treinados adequadamente quanto ao tema."

"A responsabilidade civil objetiva do shopping é de não ter intervindo imediatamente na situação em relação à segurança para, no mínimo apurar o fato e chamar o 190. Foi necessário deixar o caso público para emitirem nota de repúdio ao racismo."
José Luiz de Oliveira Júnior, advogado das vítimas

"O shopping é manifestamente contrário a qualquer tipo de ato racista, não tolerando dentro e fora de suas dependências e está a disposição para colaborar no que for possível com as autoridades policiais que estejam à frente do caso."
Shopping Open Mall The Square

Investigação e indiciamento

A polícia identificou a mulher branca que imitou um macaco e ofendeu as mulheres negras no restaurante. A mulher é Thaís Pinheiro Andrade Nakamura, 40. A reportagem tenta contato com a defesa de Thaís desde sexta-feira (14), mas não obteve retorno.

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Para a delegada responsável pelo caso, Mônica Gamboa, o 'racismo está escancarado'. Ela disse que está convicta de que houve crime de racismo, após ter tido acesso às câmeras de segurança. Além de imitar um macaco, Thaís teria proferido ofensas a três mulheres negras no restaurante, segundo os depoimentos.

Este tipo de crime é inafiançável e tem como pena de dois a cinco anos de reclusão. Agora, a polícia espera que Thaís compareça ao 2º DP de Cotia na segunda-feira para o indiciamento.

A mulher branca havia consumido bebidas alcoólicas no restaurante em que estava com o marido, segundo a delegada. Conforme a polícia, a nota fiscal da mesa onde Thaís estava mostra que foram compradas no restaurante dez cervejas de 600 ml, ao custo de R$ 210.

O gerente de restaurante foi ouvido nesta sexta-feira, diz delegada. Na semana passada, o garçom também foi ouvido pela polícia. Os depoimentos foram imprescindíveis para confirmar a autoria do crime, ainda de acordo com a delegada.

O registro do caso foi feito pela filha de uma das vítimas que, segundo a delegada, ficou indignada com as ofensas. "As três mulheres disseram que já estavam acostumadas com essa situação."

Pelo vídeo, temos os gestos, a conduta racista não é só verbal. Quando ela dança imitando macaco já demonstra uma conduta discriminatória. As outras provas são os depoimentos das vítimas. As quatro [vítimas] foram ofendidas. O racismo já fica escancarado.
Mônica Gamboa, delegada da Polícia Civil

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Como foi o caso de racismo?

A mulher branca foi flagrada por câmeras de seguranças de um restaurante. Ela apontava para duas irmãs e uma amiga negras e imitava um macaco.

Segundo as vítimas, a mulher se aproximou do grupo e disse que elas eram "lindas e corajosas", em tom de deboche. Depois, ela teria perguntado ao marido de uma delas, branco, "por que estava entre as negras", em momento também não captado pelas câmeras.

A agressora precisa sofrer esse processo-crime e um dos maiores prejuízos que as pessoas precisam sentir, que é no bolso.José Luiz de Oliveira Júnior, advogado das mulheres negras

O que dizem as vítimas

Uma das vítimas disse à polícia que convidou as irmãs e uma amiga no dia 8 de julho para assistirem a um show no shopping de Cotia. Elas "estavam tristes" com a morte do pai ocorrida havia pouco tempo.

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Durante o depoimento, a mulher disse que Thaís Nakamura perguntou para o namorado de uma delas o que ele estava fazendo no "meio de negros." O homem pediu, então, que a mulher branca repetisse o que havia falado, dessa vez na frente da namorada. Ela teria se negado.

Ao ir ao banheiro, a vítima passou perto de Thaís. Na volta, ela disse que percebeu que a mulher a chamou de macaco. "Parei, olhei para atrás e perguntei se realmente ela estava incomodada e ela gesticulou que sim e disse: 'É isso mesmo'".

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