Suspeita de injúria racial foi incriminada de forma precipitada, diz defesa
A defesa de Thaís Nakamura, indiciada por injúria racial após imitar um macaco para três mulheres negras em um shopping de Cotia (SP), no último dia 12, afirmou hoje que ela foi incriminada "de forma precipitada" pela delegada do caso.
O que aconteceu?
Thaís Nakamura, 40, faltou ao depoimento marcado para hoje. Segundo o advogado Waldinei Guerino Junior, a mulher "não está em condições emocionais de sair de casa" devido à repercussão do incidente.
Guerino culpa a delegada Mônica Gamboa, responsável pelo caso, pelo agravamento do estado mental de Nakamura. Em nota, o advogado aponta que a delegada deu declarações incriminando a investigada "sem sequer ouvir a defesa".
O advogado afirma, também, que não teve acesso à investigação até o momento. Ele afirma que pediu à polícia uma nova data para que Thaís seja ouvida.
Procurada pelo UOL, Gamboa rebateu as alegações de Guerino. Segundo ela, o advogado já estava avisado de que Nakamura seria indiciada, e ele só não teve acesso aos autos porque só apresentou hoje (17) a procuração para atuar no caso.
A crise pós-traumática pela qual Thaís passa se agravou após as declarações da delegada responsável pelo caso, que, de forma precipitada e sem sequer ouvir a defesa, incriminou-a nos veículos de comunicação. Vale frisar que até o momento a defesa também não teve acesso a investigação
Waldinei Guerino Junior, advogado de Thaís Nakamura
Eu preservei o nome da cliente [Nakamura] até o final da semana passada, como havia combinado com ele [Guerino]. E eu já havia avisado que faria o indiciamento hoje, com ou sem a apresentação dela na delegacia
Delegada Mônica Gamboa, responsável pelo caso
Relembre o caso
O caso aconteceu em 8 de julho em restaurante do shopping Open Mall The Square, em um bairro de classe alta de Cotia. Nakamura, que é branca, foi flagrada por câmeras de segurança imitando um macaco para duas irmãs e uma amiga negras.
Nakamura teria perguntado ao marido de uma das vítimas, que é branco, "por que estava entre as negras". O marido, então, teria pedido que Nakamura repetisse a ofensa, mas Nakamura se recusou, segundo as vítimas disseram à polícia.
Uma das vítimas disse ter percebido que Nakamura a chamou de macaco ao voltar do banheiro e passar perto dela. "Parei, olhei para atrás e perguntei se realmente ela estava incomodada, e ela gesticulou que sim e disse 'É isso mesmo'", disse ela à polícia.
Em seguida, a vítima voltou à mesa e relatou aos familiares e amigos o que aconteceu. Nesse momento, segundo ela, todos na mesa olharam para Nakamura, que voltou a gesticular, imitando um macaco.
A polícia identificou Nakamura por meio de reconhecimento facial. As testemunhas relataram à polícia que o marido da indiciada é um homem de origem japonesa de sobrenome Nakamura, o que ajudou a polícia a identificar a mulher de mesmo sobrenome.
A agressora precisa sofrer esse processo-crime e um dos maiores prejuízos que as pessoas precisam sentir, que é no bolso."
José Luiz de Oliveira Júnior, advogado das mulheres negras
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