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Padre de Campinas é afastado após denúncias de injúria racial: 'neguinha'

Basílica Nossa Senhora do Carmo, da Arquidiocese de Campinas Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em Salvador

24/07/2023 20h06Atualizada em 25/07/2023 14h14

O padre Silvio Sade Tesche foi afastado da função pela Arquidiocese de Campinas (SP) após denúncias sobre o suposto cometimento do crime de injúria racial.

O que aconteceu

O religioso responde a dois processos na Justiça de São Paulo sobre supostos atos de injúria racial. As ações são baseadas em inquéritos policiais.

A Arquidiocese de Campinas também anunciou no último dia 18 a instauração de uma investigação interna sobre o caso. No decreto, a instituição fala em "indícios de verossimilhança da denúncia apresentada".

O padre está proibido de exercer a função de sacerdote dentro ou fora dos limites da arquidiocese. "O referido sacerdote está privado do exercício público da ordem sacerdotal, cessando imediatamente quaisquer jurisdições e licenças para presidir ou administrar publicamente sacramentos ou sacramentais a exercer quaisquer ofícios eclesiásticos".

Porém, Silvio Sade Tesche continuará a receber um salário de R$ 2.640 enquanto estiver afastado da função.

Denúncias

Segundo a EPTV, afiliada da Globo em Campinas, as denúncias foram feitas no ano passado e envolvem funcionários de uma agência bancária da qual o padre é cliente.

O primeiro caso teria ocorrido em 30 de setembro. De acordo com a reportagem, o padre se recusou a deixar as chaves do carro com um manobrista do banco, de 57 anos. Além de empurrar a vítima, Silvio teria dito ao funcionário: "Sai daqui, seu macaco" [...] "É isso mesmo, é por isso que eu não gosto de negro, seu petista".

O segundo ataque teria ocorrido em 25 de outubro, quando o religioso voltou à agência. Silvio pediu para que uma recepcionista do banco pegasse um café para ele. A vítima, que atendia um cliente, se recusou e disse que aquela não era sua função.

A mulher conta que o padre insistiu, fez perguntas sobre a bebida que ela não soube responder, até que a chamou de burra. No dia seguinte, o religioso voltou à agência e pede para falar com a gerente, mas uma atendente informa que ela não poderia recebê-lo.

O religioso teria começado a gritar, chamando a vítima de "neguinha" e "mula". A gerente interveio, e foi chamada de "burra, incompetente, boçal, que estava no bico do corvo".

Por meio de nota enviada ao UOL, a defesa do padre Silvio Sade Tesche disse que os fatos "não ocorreram da forma como noticiados pela suposta vítima". "Porém, tendo em vista os princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, a defesa técnica e o acusado somente se manifestarão nos autos do processo".

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