Pega o lenço! Ele ajudou aluno com encefalopatia a andar: 'Sabia que podia'
Do UOL, em São Paulo
19/08/2023 04h00
Há 4 meses, o professor de educação física Júlio Gonçalves, 39, de Porto Velho, vem transformado a vida de um dos seus alunos, o Luiz, de 9 anos. A criança tem encefalopatia crônica, uma condição que causa desordens motoras em decorrência de uma lesão no cérebro. Por isso, Luiz utilizava a cadeira de rodas para participar das atividades da escola municipal Cora Coralina, que fica a 85 km da capital rondonense. Mas, depois do trabalho com o professor Júlio, Luiz já é capaz de andar.
"Recebi o Luiz como aluno neste ano. As professoras chegaram com ele na cadeira de rodas e, como uma forma de cuidado, me orientaram para não deixá-lo levantar porque toda vez que ele fazia isso, acabava caindo. Não tinha nenhum dado dele ou diagnóstico e me questionei. Comecei a fazer alguns testes básicos na sala de aula e vi que ele tinha alguma dificuldade, mas conseguia se levantar. Aí percebi que ali existia um potencial e comecei a fazer um trabalho com ele", contou Júlio ao UOL.
Primeiro, Júlio ministrou alguns exercícios individuais para Luiz, em um horário vago entre as aulas. A ideia era fortalecer os membros inferiores e superiores do aluno.
"Fazia alguns estímulos específicos para isso, além de um trabalho com a coordenação motora e de equilíbrio. E, com esses estímulos, ele foi evoluindo também para a prática da educação física. Ele não é cadeirante, tem dificuldades motoras, mas sabia que ele podia. E, se recebesse os estímulos certos, ele poderia evoluir muito nas possibilidades dele. E é o que vem acontecendo."
Em vídeos publicados nas redes sociais, Júlio registra o avanço do aluno. Em uma das cenas é possível ver que o menino consegue se manter em pé e ir em direção do professor para um abraço.
Ele não tem nenhuma dificuldade cognitiva, consegue compreender os meus comandos. Ele é um menino cheio de energia que só precisava de estímulos a mais."
Luiz e a família moravam em uma cidade do interior de Rondônia, mas se mudaram para próximo de Porto Velho no intuito de facilitar o atendimento médico da criança. Esse é o primeiro ano da criança na nova escola. A mãe, Alcione dos Santos, disse ao UOL que percebe muitas mudanças na rotina do filho.
"Ele está muito melhor. Antes, ele caía muito na hora de caminhar. Agora, ele tá caindo bem menos. Ele tem aprendido a se equilibrar bastante. Desde o começo, ele sempre foi muito bem assistido, tanto pelas professoras, que são muito atenciosas, como pelo professor Júlio", diz Alcione.
Para ela, que é mãe de mais outras duas crianças, um menino de 13 anos e uma menina de 4, saber que o filho está sendo cuidado na escola é uma "benção". "O pessoal dessa escola foi uma benção na vida dele. Fico muito feliz que existam pessoas que estão pensando no bem-estar do meu filho."