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RS: Idosa de 99 anos sobrevive após ficar 8 horas agarrada a parreiral

Aposentada Elma Berger de Souza, 99 anos, estava com cuidadora quando água tomou sua casa Imagem: Arquivo Pessoal

Vinicius Rangel

Colaboração para o UOL, em Curitiba

07/09/2023 15h53

Uma idosa de 99 anos conseguiu sobreviver após ficar 8 horas agarrada a um parreiral com o corpo parcialmente submerso. Ela mora em Roca Sales, no Vale do Taquari, uma das cidades mais atingidas pela cheia dos rios provocada por um ciclone.

O que aconteceu

A aposentada Elma Berger de Souza, 99, estava com uma cuidadora em casa, no última segunda-feira (4), quando a água começou a entrar na residência. Na cidade, o rio Taquari subiu cerca de 13 m.

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Parreiral onde Elma ficou agarrada por 8 horas em Roca Sales Imagem: Arquivo Pessoal

"Os filhos não conseguiam chegar à casa dela por causa da correnteza, [já que] a cidade inteira estava embaixo da água", contou ao UOL Rogerio Pretto, marido de uma das netas de Elma.
Os parentes conseguiram falar por telefone com vizinhos da idosa. "A senhora que atendeu disse que elas estavam gritando por socorro", conta Pretto.

Os vizinhos relataram que conseguiram avistar alguém de longe, mas depois não ouviram mais nada.

Porém, os moradores mais próximos da casa de Elma também acabaram ilhados. Naquele momento, por volta da 1h de terça-feira (5), estavam abrigados na caçamba de uma caminhonete com duas famílias e mais de 1 m de água, sem luz e as baterias dos telefones terminando.

Casa de Elma ficou completamente destruída Imagem: Arquivo Pessoal

Boiando, a cuidadora conseguiu levar a idosa até uma estrutura de ferro que dá sustentação a um parreiral. Ali, as duas ficaram durante oito horas com a água até o pescoço, esperando socorro.

As duas mulheres só foram resgatadas por volta das 9h por uma pessoa de barco. A casa da idosa ficou completamente destruída.

O rapaz do barco passou por lá por acaso e ela foi levada de helicóptero para o Hospital de Encantado, onde se encontra internada até hoje, mas está tudo bem. Ela relata que passou muito frio. Esse ainda foi um relato com final feliz, tem muita história triste, de crianças que foram arrastadas, de pessoas nos telhados das casas que foram arrastadas em cima.
Rogerio Pretto, marido de neta de Elma

"Minha mãe me ligou dizendo que ia morrer", conta advogado

A família do advogado Marco Aurélio Schuh, 37, também foi atingida pela elevação do nível do rio em Roca Sales —e eles moram em um local que não costumava alagar.

Inicialmente, por volta das 22h, o pai dele disse que a água não havia entrado na residência, mas que estava próxima. Porém, pouco tempo depois, ele acabou perdendo contato com a família. Marco chegou a procurar um vizinho que disse que não conseguia mais enxergar os familiares dele.

"Às 2h39, o telefone toca, era minha mãe se despedindo. Disse-me que estavam no meu antigo quarto, só com a cabeça submersa, mas que já não tinham mais forças. Ao fundo, ouvia os berros do meu pai, dizendo que iriam aguentar, que logo alguém os socorreria. Sempre, sua fé inabalável! A partir daí, terror absoluto", contou Marco.

A casa estava praticamente submersa, porém pelo telhado da residência, surgiram homens de barco que quebraram as placas solares, telhas e chapa. Eles resgataram o casal Celso Schuh, 70, a Maria Luísa Grandi Schuh, 65, e Adiles Canzi Grandi, 90.

A mão de Deus os manteve vivos. Um milagre! Só quero abraçá-los e todos aqueles que salvaram as suas vidas. Minha eterna gratidão. Aos que não tiveram a mesma sorte, minha eterna solidariedade.
Marco Aurélio Schuh, advogado

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