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Jovem infartou em corrida ligada a Marçal por possível 'esforço excessivo'

Bruno Teixeira, 26, era prestador de serviços de uma das empresas ligadas a Pablo Marçal Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

15/09/2023 22h53Atualizada em 15/09/2023 22h53

O laudo pericial de Bruno Teixeira, 26, apontou que o rapaz morreu de "infarto agudo do miocárdio" possivelmente provocado por "esforço excessivo". O jovem passou mal e morreu após uma "maratona surpresa" organizada pelo grupo de Pablo Marçal, no início de junho, em Alphaville, em São Paulo.

O que aconteceu:

Em nota enviada ao UOL, a assessoria de Pablo Marçal disse que "continua consternada com essa fatalidade" e que o laudo "ajudará a trazer paz para a família que busca respostas". Leia a nota no fim da reportagem. Bruno era prestador de serviços de uma das empresas ligadas a Pablo Marçal.

O laudo pericial, assinado pelo legista Diogo Crevatin Sheldon, informa que o documento foi pedido pela autoridade policial e que Bruno chegou sem vida ao pronto-socorro, segundo relatório hospitalar. O laudo foi obtido pelo irmão do jovem, Luciano Teixeira, junto ao IML (Instituto Médico-Legal), e repassado ao UOL.

O médico legista apontou que o corpo do rapaz não tinha lesões externas e o exame toxicológico solicitado deu o resultado negativo para todas as substâncias pesquisadas.

"Um esforço excessivo pode ter sobrecarregado o músculo cardíaco e levado ao infarto", escreveu o legista no laudo pericial, concluído na terça-feira (12). Também é apontado que a morte do rapaz ocorreu em "decorrência de causa patológica, sem indícios de violência".

Ainda no laudo, o médico também cita a existência de "necrose em banda de contração de cardiomiócitos [células do músculo cardíaco], em raros focos", no coração de Bruno, entre outros efeitos nos outros órgãos do rapaz.

Ao UOL, Luciano Teixeira disse que a família de Bruno deve se encontrar na próxima terça-feira (19) com a autoridade policial responsável pelo caso para saber o andamento das investigações e questionar se o laudo pericial já foi recebido pela corporação.

A reportagem tenta contato com a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) para saber o andamento da apuração do caso. A nota será atualizada tão logo haja manifestação.

Para nós [família], só foi angustiante esperar esses 90 dias para sair o laudo e continuar as investigações, mas a família já estava sabendo que no toxicológico não iria dar nada e ele nunca teve problema nenhum no coração. Isso é bom para provar para as pessoas que a família sabe da índole dele [Bruno] e sabia que ele não tinha problema algum no coração. Tudo ocorreu por conta dessa loucura, dessa maratona clandestina, não tem explicação. Essa maratona clandestina que acabou acarretando na morte dele.
Luciano Teixeira ao UOL

Imagem: Instagram/Reprodução

O que diz Marçal?

Procurados pelo UOL, a assessoria de Marçal disse que Bruno não fez uma maratona, mas sim "um treino entre amigos e cada um andava no seu próprio ritmo, haja vista que aqueles que treinavam estavam em altura de treinos diferentes, ficando bastante espalhados na rua em que corriam".

"Infelizmente Bruno acabou parando seu treino antes de concluir 15 quilômetros", informa a nota. O rapaz passou mal e foi socorrido antes de chegar ao 15º quilômetro da maratona.

No texto, a assessoria do coach ainda diz que muitas pessoas morrem por dia em decorrência de problemas cardiológicos no Brasil. "O que esperamos de fato é que Deus conforte os corações dos familiares, ficando o alerta para a sociedade, cuide do seu coração por que dele procede todas as fontes da vida", concluiu a nota.

As maratonas possuem 42,2 KM e precisam de planejamento. Bruno já corria, não foi nenhuma aventura ou novidade para ele. Em seu próprio Instagram consta que o mesmo corria desde 2018. A insistência da família é de achar um culpado para uma fatalidade, que no caso específico não existe, uma vez que a causa mortis é uma patologia. Procuram a todo custo vincular a perda do ente querido a imagem de Marçal, que inclusive estava dormindo e foi acordado para ser informado do ocorrido.
Assessoria de Pablo Marçal em nota ao UOL

Relembre o caso:

O boletim de ocorrência registrado em uma delegacia de Barueri (SP), obtido por TAB, informa que Bruno corria com um grupo de funcionários da XGrow por volta das 22h de 5 de junho quando passou mal e caiu. De acordo com o BO, ele sofreu uma parada cardíaca e foi levado de carro até o Hospital Albert Einstein, onde os médicos tentaram reanimá-lo, mas ele foi declarado morto às 23h20.

Bruno era contratado como PJ pela XGrow, empresa criada por Pablo Marçal que hoje é comandada por seu sócio, Marcos Paulo de Oliveira. O influencer se desfez das participações de parte de suas companhias quando quis se candidatar a presidente em 2022, mas elas ainda são atreladas ao seu grupo econômico, segundo fontes ouvidas pelo TAB.

A corrida, segundo familiares, foi organizada por funcionários do autointitulado "estrategista digital" — que ficou conhecido, em janeiro do ano passado, por ter levado colaboradores e seguidores para o Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, num dia de chuva. O grupo precisou ser resgatado pelos bombeiros, sob risco de morrer de hipotermia.

Segundo os irmãos de Bruno Teixeira, o grupo saiu do prédio da Plataforma Internacional, que pertence a Pablo Marçal, com o desafio de correr, de última hora, 42 quilômetros, o equivalente a uma maratona. Marçal não estava no grupo. Entretanto, dias antes, o influenciador afirmou ter completado essa mesma distância num desafio que chamou de "Pior Corrida da Sua Vida".

'Olha onde eu fui me enfiar'

Horas antes de morrer, Bruno, que estava acostumado a correr curtas distâncias desde 2018, gravou uma série de vídeos. Um deles mostra o momento em que ele e os colegas são avisados, para espanto geral, que a meta de correr 21 km havia dobrado. Entre eles estava seu chefe imediato e o personal trainer de Pablo Marçal. Felipe Cintra, CEO da Plataforma Internacional.

Na frente da empresa, o funcionário chegou a brincar: "Fui inventar de andar com os caras de frequência alta, olha onde fui me enfiar. 42 quilômetros!".

Em outro vídeo, Bruno tentava acompanhar o personal trainer, que corria enquanto fazia uma live. "Ele está produzindo, destravando as pessoas, correndo e destravando ele mesmo", elogia Bruno no vídeo, usando um dos muitos jargões de Marçal, que promete "destravar" os alunos em busca da prosperidade.

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