Zinho é acusado de mortes de ex-vereador e PM; veja relação de crimes
Zinho, apontado como o líder da maior milícia do Rio, é alvo de ao menos seis denúncias do Ministério Público do Rio de Janeiro. Entre elas, estão os assassinatos de um ex-vereador, de um policial militar e de rivais milicianos do estado.
Morte de ex-vereador
Morte de político aconteceu em 2022. O MP-RJ denunciou em setembro Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, e outras cinco pessoas pelo assassinato do ex-vereador de Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho. Na ação, em Campo Grande, na zona oeste do Rio, Maurício Raul Atallah também foi assassinado.
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Disputa por poder motivou a ação. O motivo do crime foi a descoberta, por parte de Zinho, de um plano para que Jerominho e o irmão Natalino José Guimarães retomassem a liderança da organização criminosa.
Os demais denunciados. Além de Zinho, foram denunciados Rodrigo dos Santos, vulgo Latrell ou Eclesiastes 3, Matheus da Silva Rezende, o Fausto, Alan Ribeiro Soares, vulgo Nanã ou Malvadão, Paulo David Guimarães Ferraz Silva, o Costelinha e Yuren Cleiton Felix da Silva, vulgo Naval.
Alan, Paulo David, Yuren e outra pessoa não identificada seguiram as ordens de Zinho e dispararam contra o ex-vereador e o amigo dele. Ambos tinham acabado de estacionar um carro em frente a um supermercado. Segundo a denúncia, as investigações indicam que Maurício Raul Atallah foi morto por estar junto com Jerominho.
Jerominho foi vereador do Rio de Janeiro entre os anos de 2000 e 2008. Ele foi fundador da "Liga da Justiça", milícia responsável pela prática de homicídios e extorsões de comerciantes e moradores da zona oeste. Segundo a denúncia, Após ter a liberdade restabelecida, Jerominho traçou um plano para retomar o controle do grupo — comandado pela "Tropa do Zinho".
Assassinatos em Seropédica
Outra denúncia contra Zinho diz respeito a dois homicídios ocorridos em Seropédica, na Baixada Fluminense. O MP-RJ obteve a prisão preventiva de Zinho acusado pelas mortes de André Luiz Rosa de Sousa e Leandro de Oliveira Moreno. O crime ocorreu em abril de 2022.
Vítimas eram ex-integrantes da milícia chefiada por Danilo Dias Lima, conhecido como Tandera. Mas, estavam havia dois meses no grupo de Zinho. Alan Ribeiro Soares, conhecido como Nanan, e Thiago Rodrigues Zarur, ambos integrantes da milícia chefiada por Zinho foram denunciados.
No dia do crime, André e Leandro faziam serviços de instalação de TV a cabo fora da área determinada por Zinho. Os denunciados Alan Ribeiro e Thiago Zarur dispararam contra eles, sob o comando de Zinho. Segundo a denúncia, os disparos foram feitos com fuzil.
Homicídios em disputa de territórios
Outra denúncia foi oferecida em julho contra Zinho pelo assassinato de Anderson Cláudio Gonçalves e duas tentativa de homicídio. Os crimes também ocorreram em Seropédica, durante uma disputa de territórios entre os grupos chefiados por Zinho e o rival Tandera.
Anderson e outro integrante da milícia de Tandera foram surpreendidos pelo grupo de Zinho. Os disparos ocorreram em janeiro de 2022. O confronto ocorreu durante a cobrança semanal de R$ 20 referente à taxa de segurança imposta pela milícia a um morador e um comerciante de Seropédica.
A motivação do crime teria sido vingança do grupo de Zinho contra os integrantes da milícia de Tandera. Outro motivo seria "a afirmação de poder da organização criminosa liderada pelo denunciado".
Morte de policial militar
Zinho e quatro homens foram denunciados em janeiro pelo assassinato do cabo da PM Devid de Souza Matos. Os disparos foram feitos com tiros de fuzil em Seropédica. O crime ocorreu em 2021, segundo o MP-RJ.
A equipe da PM foi recebida com tiros. Segundo as investigações, a guarnição foi até a Estrada da Comporta, no bairro Canto do Rio, para verificar se milicianos estariam reunidos com mototaxistas.
Zinho exercia liderança sobre o grupo paramilitar que fez os disparos e também fazem parte da denúncia. Na denúncia, o grupo é acusado de receptação de um carro que havia sido roubado na região de Campo Grande, zona oeste do Rio.
Extorsão, receptação, corrupção e lavagem de dinheiro
Zinho e outros 22 integrantes da milícia foram denunciados também por extorsão, receptação, corrupção ativa e homicídios. A denúncia é de 2022. Nela, estão alguns de familiares de milicianos acusados de lavagem de dinheiro. A denúncia foi recebida pela 1º Vara Especializada da Capital.
A denúncia identificou nomes ligados ao primeiro, segundo e terceiro escalão da milícia. Cargos de liderança eram ocupados por pessoas conhecidas como Zinho, Latrell, GG, Matheus Rezende, sobrinho de Zinho, Malvadão, Dom ou Professor, Pardal ou Tabinha. Segundo a denúncia, o segundo escalão é formado pelas lideranças locais da milícia em bairros da zona oeste e, o terceiro escalão, por assessores, soldados e informantes.
Investigações apontaram crimes de lavagem de dinheiro praticados pela mãe de Latrell. Segundo o Gaeco, do MP no Rio, ele usou a conta bancária da mãe para ocultar cerca de R$ 4 milhões, obtidos com o lucro das atividades da milícia.
Zinho teria "corrompido" agentes de segurança do estado. As investigações apontam que ele "determinou que seus subordinados, de forma rotineira e reiterada, corrompessem agentes das Forças de Segurança do Estado", oferecendo vantagens.