Preso, Zinho faz exames, diz que tem diabetes e é soropositivo
Do UOL, em São Paulo
27/12/2023 14h11Atualizada em 27/12/2023 16h37
Apontado como chefe da maior milícia do Rio de Janeiro, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, passa por exames hoje no presídio de segurança máxima Bangu 1, no Complexo Penitenciário Gericinó, zona oeste do Rio.
O que aconteceu
Na prisão, Zinho disse ser soropositivo e portador de diabetes. O UOL confirmou a informação junto a fontes ligadas ao sistema prisional do estado. Ele teve o cabelo raspado e tirou foto assim que deu entrada na unidade.
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Zinho está isolado em uma cela de 6 m² na Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, sem direito a banho de sol. O objetivo do isolamento é evitar contato com outros privados de liberdade no local. Ele está em uma ala específica para milicianos.
A cela dele tem uma cama e uma bancada de concreto para refeições. Além disso, o espaço conta com um chuveiro e um sanitário conhecido como "boi". Após ter chegado à unidade prisional, Zinho mudou de cela, na terça-feira (26), por uma decisão da direção do presídio.
Assim que chegam a uma unidade prisional, os presos costumam passar por uma bateria de exames. No caso de Zinho, os testes poderão confirmar ou não os diagnósticos mencionados por ele.
Justiça manteve prisão
Zinho participou da audiência de custódia no início da tarde de ontem (26). O ato processual é um direito de todo preso para que um juiz avalie eventuais ilegalidades na prisão.
Ele estava foragido desde 2018. Zinho tem ao menos 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça por crimes como homicídio, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Prisão não é o fim das investigações
O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricarco Cappelli, disse que a prisão de Zinho, "não é o final" do processo. Segundo ele, as investigações sobre a milícia que era chefiada por ele vão continuar. "[A prisão] É parte de um processo que está em curso que vai continuar."
O secretário afirmou ainda que o foco das operações são eventuais conexões políticas e financeiras. "Você não desmonta uma operação criminosa prendendo apenas um líder porque no dia seguinte na hierarquia surge outro. Precisamos desmontar o coração da organização criminosa, enfrentando eventuais braços políticos e conexões financeiras. Esse é o nosso foco."
Cappelli exaltou o trabalho de inteligência que levou à prisão de Zinho. "Um criminoso há cinco anos foragido, curiosamente na própria cidade do Rio de Janeiro, gera surpresa. Houve um processo de aproximações sucessivas, comandado pela PF, acelerado nas últimas semanas, fazendo com que não restasse alternativa a não ser se entregar."
Esperamos que ele colabore, ninguém se estabelece durante anos implantando terror em cerca de um terço da cidade do Rio de Janeiro sem possuir conexões poderosas. Zinho não estava foragido em outro país, no exterior, ele seguia na cidade do Rio de Janeiro.
Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça
Denúncias contra Zinho
O Gaeco, do MP-RJ, apresentou seis denúncias contra Zinho. Ele é acusado de assassinar o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho. Na ação, em Campo Grande, na zona oeste do Rio, Maurício Raul Atallah também foi assassinado.
Outra denúncia diz respeito a mortes registradas em Seropédica, na Baixada Fluminense. Ele tem ainda outras acusações de cometer assassinatos contra rivais, em disputas de territórios, e de um policial militar, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Zinho e outros 22 integrantes da milícia também foram denunciados também por extorsão, receptação, corrupção ativa e homicídios. A denúncia é de 2022. Nela, estão alguns de familiares de milicianos acusados de lavagem de dinheiro.