Ponto turístico de Porto Alegre vira hospital de campanha para desabrigados
Lucas Azevedo
Colaboração para o UOL, em Porto Alegre
03/05/2024 23h11
A Usina do Gasômetro, conhecido ponto turístico no centro de Porto Alegre, virou um hospital de campanha improvisado para desabrigados, a maioria deles, da região das ilhas. Uma parte da cidade está alagada, e a Defesa Civil do Rio Grande do Sul orientou a "evacuação imediata" de parte do centro histórico.
O que aconteceu
Os desabrigados são levados até o Gasômetro em botes ou barcos e desembarcam em um porto improvisado. No ponto turístico, que em dias normais reúne milhares de pessoas, os resgatados são encaminhados para uma triagem com paramédicos.
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Nas barracas improvisadas, recebem roupa seca e comida, distribuídas por dezenas de voluntários. Em seguida, os desabrigados são transportados para abrigos em ônibus que saem de tempos em tempos. Os veículos também carregam doações.
Resgatados, seus familiares e socorristas se abraçam, emocionados. Policiais, bombeiros e militares se misturam a dezenas de civis voluntários, que circulam por ali o tempo todo oferecendo alimento a quem é socorrido e a quem está socorrendo.
As vítimas são homens, mulheres, crianças, idosos e animais de estimação. É dali que o governador Eduardo Leite tem feito seus pronunciamentos, em uma barraca da Defesa Civil.
'Acordei com a água batendo no colchão'
"Água já estava no peito", diz o feirante Emerson Corvello, 32, morador da Ilha da Pintada. Desabrigado, ele foi até o Gasômetro acompanhado da mulher e dos dois filhos. "Acordei às 4h da manhã com a água batendo no colchão. Recolhemos algumas roupas e, em pouco tempo, a água já estava no peito", conta.
Parte da família já estava em outra casa, mas água avançou. A mulher e e os dois filhos do casal, de 2 e 11 anos, estavam abrigados na casa do sogro de Emerson, uma construção de dois andares. "Mas, de manhã, a água já estava no segundo piso. Foi um vizinho que, de barco, os tirou da casa", diz.
A estrutura é gerenciada por voluntários. "Chegamos aqui no início da tarde e não tinha nada disso. Nenhuma estrutura de acolhimento dos desabrigados", afirma a voluntária Aline Lima, 42. Ela conta que as barracas foram montadas por quem chegou se somando aos que já estavam ali para ajudar.
Para a comerciante, faltou planejamento do poder público no atendimento dos desabrigados após o socorro inicial. "Foi só depois que o governador chegou que colocaram gerador de energia, luz, lonas", diz.