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Tenda e banheiro químico tomam lugar de carro em cruzamento em Porto Alegre

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

08/05/2024 22h03Atualizada em 09/05/2024 10h42

Pelo cruzamento das avenidas Benjamin Constant com a Terceira Perimetral, na zona norte de Porto Alegre, costumavam passar milhares de carros por dia, mas hoje o local evoca uma zona de guerra.

O que aconteceu

O que se vê agora são tendas montadas no asfalto para receber os desabrigados, espalhados pelo local. Nelas são distribuídos alimentos, remédios e roupas secas. Há poucos metros dali, a avenida Cairu está tomada pela água, e a movimentação de socorristas é intensa.

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Estrutura é improvisada. Em uma parte, as tendas foram montadas embaixo do viaduto da Terceira Perimetral. Em outra, lonas foram amarradas às paradas de ônibus para aumentar a área de abrigo, criando um corredor. Há luz em algumas das tendas atendidas por um minigerador, mas na maioria delas o atendimento é feito às escuras. Também foram colocados banheiros químicos.

Desalojados se acumulam na borda da área alagada à espera de parentes e animais de estimação. A química industrial Veridiana Rodrigues, 52, aguardava angustiada pelo entrega dos gatos Pantufa e Bibi. Os pets ficaram no apartamento da família, no bairro Humaitá, disse ela, pois os socorristas "disseram que só o essencial poderia ser levado". O resgate deles ainda não pode ser feito.

Moradora ficou ilhada no trabalho na sexta-feira (3). Veridiana estava em Guaíba, quando a água começou a subir e não consegui mais sair dali. A empresa em que trabalha conseguiu lugar em um hotel na cidade, onde ela ficou até terça-feira de manhã. "Passou um barqueiro por ali e perguntou se alguém queria ir para Porto Alegre. Só eu levantei a mão. E fui parar no Pontal, na zona sul da cidade, depois consegui uma carona solidária de um senhor até a casa da minha filha, no bairro Boa Vista."

Apartamento fica no terceiro andar, mas condomínio estava alagado, e família dela decidiu sair. Na casa dela estavam o marido, o pai e os filhos, que saíram na segunda-feira.

Gritos, latidos e aplausos são ouvidos no viaduto. Cada resgatado que chega ao local é recebido por palmas dos desalojados. Volta e meia um policial militar usa um megafone para tentar organizar o caos. "Abram caminho", "Precisamos de veterinário" eram algumas das frases. Outras pessoas pediam ajuda: "Alguém tem guia para cachorro grande?", gritava uma mulher. Muitos animais de estimação chegavam desacompanhados e alguns tentavam fugir, gerando correria.

Policiais fazem segurança, e helicópteros sobrevoam região. Agentes do Exército, da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros circulam pelas atendas,

Curiosos também se avolumam no local. Entre socorristas e resgatados, algumas pessoas aguardavam atentas a movimentação. "Quem não tá para ajudar, pode ir para casa", reclamou um voluntário em meio à chuva fraca que caía.

Comida e água são oferecidas. Em meio ao caos, voluntários passam oferecendo aos desalojados sanduíches, pastéis e salgados — além de água, café e refrigerante.

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