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RS: 'Saio quando morrer', diz idosa de 97 anos que se nega a deixar imóvel

Almira Schultz, 97 anos, se recusou a deixar apartamento no centro histórico de Porto Alegre mesmo após enchente Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Do UOL, em Porto Alegre

20/05/2024 04h00Atualizada em 20/05/2024 15h05

A idosa Almira de Souza Schultz, de 97 anos, se recusou a sair do apartamento onde mora na rua dos Andradas, uma das mais tradicionais vias do centro histórico de Porto Alegre, mesmo após a enchente invadir o prédio, a apenas 500 m do Guaíba.

Dos 96 apartamentos no prédio de 12 andares, apenas 15 permaneceram abertos. Mas os moradores começaram a retornar desde ontem, quando a energia elétrica e a água foram religadas.

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Dona Almira não se intimidou nem quando a água tomou os primeiros degraus do térreo, trazendo também ratos e peixes mortos. Ela mora com a filha, a aposentada Janice Schultz, 64, que tentou convencê-la a sair do prédio por segurança. Mas não teve sucesso. "Eu queria deixar o prédio, mas não consegui convencê-la."

Não fiquei com medo de nada, eu rezo muito. Nunca vou deixar o prédio. Só saio daqui quando eu morrer.
Almira Schultz

Almira Schultz mora no imóvel próximo ao Guaíba há quase 50 anos Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Nem a falta de luz e água fez com que ela perdesse a tranquilidade. Aí, tudo foi no improviso, com iluminação a luz de velas e até um radinho de pilha para que dona Almira pudesse acompanhar as notícias. "Quando a água acabou, eu passava um perfume", disse uma sorridente dona Almira, que mora há quase 50 anos no local.

Sobrou para a filha dela, que precisava subir e descer do apartamento no sexto andar todos os dias para levar mantimentos. "Confesso que foi uma dificuldade passar esses dias todos subindo e descendo escadas, mas passou", disse Janice, filha de dona Almira.

A idosa disse inclusive ter recordações da enchente de 1941, até então, a enchente mais trágica da história de Porto Alegre. Na época, ela tinha apenas 14 anos e morava em uma fazenda em São Jerônimo, no interior do Rio Grande do Sul.

E, ao ver o rio baixar e os moradores retornando aos poucos, preferiu falar com otimismo dos próximos dias após o período mais tenso das enchentes. "Só sinto felicidade e alegria de ver o sol voltando a brilhar. O mau cheiro está aí, mas a gente tem que suportar."

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