Professores da UFPel instalam sensor de nível de água na Lagoa dos Patos
Dois professores da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) instalaram, na tarde desta quarta-feira (22), um segundo sensor de nível de água na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, para reforçar a aferição feita no local à medida que chove forte na cidade e há riscos de novas enchentes.
A tecnologia desenvolvida pelo laboratório HidroSens, vinculado ao curso de Engenharia Hídrica da UFPel, é a segunda implementada pelo grupo na Praia do Laranjal, uma das áreas mais afetadas pela inundação que atingiu Pelotas.
"A gente vai colocar um segundo agora para ter essa redundância e não ter risco de a gente ficar sem esse tipo de dado", disse Leonardo Contreira, professor da engenharia híbrida da UFPel, enquanto preparava o equipamento.
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Contreira e o professor da eletrônica da UFPel Maiquel Canabarro subiram em um barco do Corpo de Bombeiros do Paraná, que está prestando auxílio ao Rio Grande do Sul, e foram até a Lagoa dos Patos para implementar a tecnologia.
"Estamos aqui instalando um sensor que veio de São Paulo nesta terça-feira (21) numa força-tarefa que passou pelo pessoal da FAB, depois foi pra Canoas, pela Brigada Militar, pra Porto Alegre e, de lá, veio pra cá pela Polícia Civil", disse Canabarro.
Enquanto reforçava o acabamento do equipamento, o professor de eletrônica explicou que o sensor servirá para que os profissionais possam "ler a altura da lâmina que tá subindo a lagoa".
O acabamento foi feito de uma maneira artesanal: com um pedaço de madeira, uma tampa de um pote e o sensor. "Na realidade, isso é improvisado. Porque na vida real não era pra ser assim. É de emergência", explicou Canabarro.
O nível da água da Lagoa dos Patos e do Canal de São Gonçalo, que margeiam Pelotas, caiu de segunda para terça-feira. Há, porém, previsão de fortes chuvas na cidade até o fim do dia.
Com isso, a Defesa Civil estima que o nível da água, na Lagoa dos Patos e no Canal de São Gonçalo, deve voltar a subir. A previsão é de que haja novas enchentes na cidade, inclusive na área urbana.
Por isso, a Defesa Civil reforça a necessidade de saída de casa das pessoas que vivem que vivem em áreas de risco.
Andar sobre água
Entre a manhã e a tarde desta quarta-feira, algumas pessoas tentaram enfrentar a enchente na Praia do Laranjal. Um motoboy acabou parando em um estacionamento. Um morador da região foi a um local específico, como vem fazendo nos últimos dias, e constatou que houve uma redução do nível d'água. E um pedreiro fez de tudo para conseguir chegar a uma obra.
Gladimir Lemos, 60, o pedreiro em questão, queria "dar uma olhada para ver como a obra está". A curiosidade se deu porque a obra é no segundo andar de um sobrado. "Pra ver como é que está, se eles iam trabalhar ou não, porque nós estamos no segundo piso. Mas tá difícil", afirmou.
Lemos tentou andar sobre as águas, mas, depois de um quarteirão, desistiu. "Já passou quase 60 centímetros das botas e, lá pra dentro, é bem mais cheio que aqui. Eu tava tentando ir até a obra, mas não consegui, porque tá difícil", complementou.
O pedreiro mora no bairro do Areal, que também foi afetado. "Pra lá também tá perigoso, a tendência é subir também no Areal. Últimamente, eu tenho ficado na casa de uns parentes, porque tá difícil, velho. Tá difícil", disse.