Empresário ria ao agredir namorada que se jogou do 5º andar, diz inquérito
Tiago Minervino
Colaboração para o UOL, em São Paulo
12/06/2024 17h05
O empresário Igor Costa Campos, 39, preso em flagrante por suspeita de agredir a namorada grávida que se jogou do quinto andar de um prédio de luxo em Salvador, "ria enquanto praticava as agressões" contra a companheira. As informações constam na transcrição do inquérito policial com os depoimentos da mulher ao qual o UOL teve acesso. Defesa de Igor nega as acusações.
O que aconteceu
Igor "ria" ao agredir a vítima com socos, chutes e, inclusive, ao usar a própria testa para ferir a namorada, diz o documento. O Tribunal de Justiça da Bahia converteu a prisão em flagrante do empresário em prisão preventiva.
Agressões teriam sido motivadas por uma crise de ciúmes de Igor, que acusou a namorada de se relacionar com "conhecidos" dele. No dia em que as agressões ocorreram, no domingo (9), os dois haviam saído e, ao retornarem ao apartamento onde moravam em uma área nobre de Salvador, o empresário questionou a companheira sobre uma suposta traição. Ela negou e ele passou a agredi-la.
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Vítima detalhou as agressões sofridas à polícia e afirmou que o então namorado "ria enquanto" a espancava. "Ele a agrediu com murros no rosto, batia a testa dele na testa da vítima; ele deu chutes [na namorada] e a jogou no chão; ele puxou tanto os cabelos da [vítima] que a cabeça dela está ardida", diz trecho do inquérito policial.
Empresário também proferiu xingamentos contra a companheira. Conforme o inquérito, o suspeito a teria chamado de "put*", "nojenta", "falsa" "lixo" e afirmado que ela "merecia" ser agredida por ser "uma vagabunda". "Isso que você merece, sua put*, vagabunda. Acha que vai me enganar?", teria dito Igor.
Mulher explicou que, após conseguir se desvencilhar do empresário, se trancou no quarto. Segundo a vítima, Igor tentou abrir a porta do cômodo em que ela estava e, por temer que ele conseguisse abri-la, "em um ato de desespero, para não apanhar mais, se jogou da janela do apartamento".
Igor teria feito uso de drogas, segundo a vítima. Ela contou em depoimento que o empresário usou "pó (cocaína), maconha e bebida alcoólica".
Empresário pediu exame de DNA para comprovar paternidade. A mulher e Igor se conheceram há cerca de um mês e moravam juntos há duas semanas. No final do mês passado, ela disse ao empresário que estava grávida, e ele requisitou exame de DNA para comprovar a paternidade.
Mulher é natural de Maceió (AL). Ela passou a morar em Salvador há cerca de um mês a trabalho, período em que começou a se relacionar com Igor. A mulher sofreu múltiplas fraturas no corpo, mas já recebeu alta hospitalar. Não há informações atualizadas referentes à saúde do bebê.
TJBA converteu prisão em preventiva
O empresário Igor Costa Campos oferece risco à sociedade, portanto, deve permanecer preso. Esse foi o entendimento da juíza Marcela Moura França Pamponet ao negar o pedido de liberdade da defesa do suspeito. A magistrada também disse levar em consideração os depoimentos da vítima e de testemunhas.
Dessa forma, o perigo no estado de liberdade do flagranteado está revelado na necessidade, visando, sobretudo, resguardar a ordem pública, de modo a evitar a reiteração de condutas delitivas por parte deste, posto que a forma como o delito foi praticado evidencia um grau elevado de periculosidade quanto ao Autuado.
Juíza Marcela Moura França Pamponet
Defesa de empresário nega as agressões
Ao UOL, o advogado Carlos Magnavita afirmou que Igor nega ter agredido a namorada. Conforme a defesa, as informações que constam nos autos do processo são "bem controversas", porque seu cliente alega inocência.
Igor se "defendeu" e tentou evitar que a namorada se jogasse do quinto andar pela janela do apartamento, diz Magnavita. "Ele diz que não a agrediu. Na verdade, ele ficou se defendendo e tentando contê-la para evitar que as agressões se agravassem e, no decorrer do desentendimento, ela se trancou no quarto e terminou se jogando. Ele tentou evitar a situação [da queda] de todas as maneiras, só que não conseguiu, infelizmente".
Magnavita também contestou a prisão preventiva do empresário porque ele, segundo a defesa, não oferece riscos à sociedade. "Igor é uma pessoa de bem, nunca se envolveu em nenhum problema, tem um histórico exemplar, é uma pessoa que trabalha. Aconteceu essa situação isolada que se tratou de uma discussão entre duas pessoas, que culminou nessas informações de que um agrediu e o outro se defendeu. Não dá para saber de fato o que aconteceu".