'Abandonada aos 2 meses, achei família no Facebook quase 50 anos depois'

Marlene Trindade, 55, foi abandonada pela mãe biológica quando tinha apenas dois meses de idade. Aos 2, foi adotada e, 48 anos depois, reencontrou a família biológica, com a ajuda das redes sociais.

A genitora de Marlene deixou o marido e os seis filhos durante uma das viagens do companheiro, que era caminhoneiro.

De início, o pai tentou cuidar das crianças sozinho, mas seus problemas com o alcoolismo e um novo casamento acabaram desfazendo a família.

'Uma vizinha me contou por maldade'

"Fui adotada aos dois anos de idade. Meu pai adotivo e meu pai biológico eram colegas de trabalho, meus pais adotivos se casaram e me adotaram, sou a filha mais velha deles", disse Marlene ao UOL. Ela foi criada na cidade de Ponte Nova (MG).

Marlene se reconectou com a própria história com a ajuda do Facebook
Marlene se reconectou com a própria história com a ajuda do Facebook Imagem: Arquivo pessoal

Marlene ficou sabendo que era adotada apenas aos 15 anos. "Uma vizinha me contou, por maldade. Descobri que tinha contato com meu pai biológico sem saber que era meu pai, o tratava como meu padrinho e amigo da família."

Apesar de saber quem era seu genitor, ela manteve outras dúvidas em silêncio por algum tempo, especialmente pelo incômodo da mãe adotiva com a história.

'Resolvemos buscar no Facebook'

O genitor de Marlene, seu único elo com a família biológica, morreu de cirrose cerca de quatro anos depois de a verdade vir à tona. E foi a "herança" deixada pelo homem que a ajudou a reencontrar seus outros parentes muitos anos depois.

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Marlene guardava as certidões de nascimento do genitor e de duas irmãs —documentos que ela recebeu depois da morte dele. Ela chegou a escrever cartas e emails ao programa do Gugu, tentando encontrar os parentes, mas sem sucesso.

Marlene constituiu a própria família, teve uma filha, mas nunca desistiu de encontrar os parentes biológicos. Um dia, ela resolveu adotar outra estratégia, com a ajuda da filha. "Resolvemos procurar no Facebook", conta Aline Oliveira, filha de Marlene.

Os nomes "incomuns" das irmãs de Marlene facilitaram a busca pelas redes sociais, o que finalmente colocou fim às dúvidas em 2019, quase 50 anos depois de ela ter sido adotada. Marlene descobriu, inclusive, que uma das irmãs também chegou a procurá-la, sem sucesso.

@rtaline_

História da minha mãe, abandonada aos 2 meses de vida, adotada aos 2 anos de idade, encontrou a família biológica no facebook, uma das minhas tias foi amarrada na linha do trem pela madrasta!

Eu sempre respeitei muito minha avó adotiva e achava errado procurar outra avó, quando a que eu tive foi tão boa, mas sempre ajudei porque era o sonho da minha mãe, mesmo não sendo o meu.
Aline Oliveira, filha de Marlene

"Foi incrível ver a semelhança das minhas tias com a minha mãe, conhecer as histórias de vida de todas", disse Aline. "No fim, minha avó (adotiva) faleceu antes de encontrarmos a família biológica da minha mãe."

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'Me fez valorizar'

Nem tudo foram flores no reencontro entre Marlene e os parentes biológicos. Ela mantém relação com alguns irmãos, mas não conseguiu se reconectar com a genitora. Segundo contam, ela não quis falar sobre o passado e os motivos que a levaram a deixar os filhos.

"Descobri que tenho outros dois irmãos por parte de mãe, mas me decepcionei muito com ela. Apesar de tudo, isso me fez valorizar ainda mais a mãe adotiva que eu tive, ser feliz e aceitar a minha história", completou Marlene.

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