Após aliança de CV com milícia, Corolla coordenou ataques a rivais no RJ

Preso na última quarta-feira (3) no Rio de Janeiro, o traficante filmado correndo em uma esteira com fuzil e colete à prova de balas é apontado pela Polícia Civil como o responsável por uma série de ataques do Comando Vermelho a facções rivais após uma aliança inédita firmada com a maior milícia do país em 2023.

O que aconteceu

A Polícia Civil rastreou troca de mensagens pelo WhatsApp para organizar os ataques. William Sousa Guedes, o Corolla, 35, responsável por chefiar os ataques, foi o traficante filmado em treinamentos para ocupar facções rivais.

Ele combinava as ações com Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. O criminoso era apontado até então como o principal chefe do CV nas ruas e um dos responsáveis pela ascensão de Corolla na facção. Os ataques a facções rivais na zona oeste do Rio de Janeiro em meio à aliança com a milícia ocorreram entre fevereiro e maio de 2023.

No diálogo, Abelha, chefe do CV até então, recebe fotos de jovens sentados no chão no que parece ser uma abordagem feita pelos criminosos. Nas buscas, há informações em referência ao assassinato de rivais. "Morto 01 do Fubá [em referência ao líder de grupo rival que atuava na favela em Cascadura, subúrbio do Rio]", escreve um dos envolvidos na ação, que recebe elogios do chefe. "Meu mn [meu mano, na gíria] representa nós", responde Abelha, elogiando a ação.

Nas mensagens, Abelha informa ter feito o pagamento de R$ 1.000 ao suspeito de chefiar a ação e a outro comparsa dele. "Deixei mil lá pra vc e vou deixar mil para ele", escreve o chefe do Comando Vermelho.

Suspeito de chefiar os ataques, Corolla já havia ganhado projeção na época, também assumindo a posição de chefe do tráfico na favela de Manguinhos, zona norte do Rio. Um dos principais alvos da Polícia Civil nos últimos meses, Corolla costumava buscar refúgio no Complexo da Penha, um dos principais redutos do Comando Vermelho.

A DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) passou a monitorar o traficante nos últimos três meses. Com o monitoramento da rotina de fugas dele, os agentes conseguiram capturá-lo na última quarta-feira.

O que se sabe sobre o caso

Antes da prisão, Corolla participou de simulações reais de confrontos, dando tiros de fuzil contra pneus. Em simulação aos moldes de treinos militares, o chefe do CV aparece atirando contra obstáculos sem camisa enquanto entra em um território escoltado por um comparsa. Ele tinha nove mandados de prisão em aberto e mais de 50 anotações criminais.

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Segundo fontes do UOL ligadas à investigação da Polícia Civil, o criminoso estava articulando um plano para conquistar territórios ocupados por facções rivais no Rio de Janeiro. Entre eles, o Morro dos Macacos, em Vila Isabel, zona norte do Rio. O território é dominado pelo TCP (Terceiro Comando Puro), principal rival do CV na disputa pelo controle do tráfico de drogas no RJ.

O traficante comandava uma quadrilha formada por até 100 outros criminosos. Eles davam suporte para o plano de expansão territorial do CV, segundo as investigações.

Segurança pessoal de Corolla havia sido preso no sábado (26). Segundo a Polícia Civil, Thiago Nascimento das Dores, o TK, foi preso pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, em Manguinhos. Ele vinha sendo monitorado por agentes por suspeita de participação em roubos de cargas na região.

Veja as joias de Corolla
Veja as joias de Corolla Imagem: Reprodução/Redes sociais

Ele é suspeito de envolvimento no assassinato de um policial militar. O soldado Daniel Henrique Mariotti morreu em janeiro de 2019, quando participava de uma operação contra uma série de assaltos na Linha Amarela, uma das principais vias expressas do Rio.

O PM estava de moto quando se deparou com uma tentativa de arrastão na via. O agente foi baleado na cabeça na altura da avenida dos Democráticos, em Bonsucesso, zona norte da capital fluminense.

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Corolla ostentava joias de luxo em perfis nas redes sociais. Entre elas, anéis de ouro, cordões e um bracelete no pulso esquerdo.

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