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Beto Carrero World fecha zoológico e destino dos animais vira mistério

Leões brancos, do Parque Beto Carrero, em foto de 2011 Imagem: Marcos Porto/ Agência RBS

Andrea Miramontes

Colaboração para o UOL

11/07/2024 04h00

Após 32 anos de exibição de animais em circo e parque, o Beto Carrero World, em Santa Catarina, fechou seu zoológico no último dia 27 de junho, mas manteve um mistério que intriga especialistas, ONGs e protetores. Não se sabe se serão vendidos, se irão para outros zoológicos ou para santuários.

A administração do local não revela o destino dos animais, tampouco confirma quais e quantos restam atualmente.

Foi uma decisão tomada há alguns anos, então, a transição vem acontecendo. Ao longo de 32 anos o parque chegou a ter 237 espécies, e mais de mil animais. Não será divulgado para onde vão, respondeu o estabelecimento por meio de sua assessoria de imprensa.

Araras do Parque Beto Carrero, em 2013 Imagem: Alvarélio Kurossu/Agência RBS/Folhapress

O Ibama não confirma se houve registros de transferência desses animais no SisFauna (Sistema Nacional de Gestão de Fauna Silvestre) e afirma que a responsabilidade de acompanhar a transição dos bichos é do IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina).

O IMA, por sua vez, pouco revela. Em conversa com a reportagem do UOL, afirmou que, desde 2023, foram transferidos cerca de 260 animais, entre aves, mamíferos e serpentes.

Constam ainda no empreendimento 86 animais, incluindo girafas, tigres, aves em processo de destinação, que deve ocorrer até final deste ano. Temos como procedimento não informar o destino, afirmou em nota.

Consultado, o zoológico de São Paulo, um dos maiores do País, não está nos planos do parque catarinense. "Não vamos receber nenhum animal do zoo do Beto Carreiro", afirmou por meio da assessoria. Assim também respondeu o Zoo Pomerode, em Santa Catarina.

Macacos do Parque Beto Carrero, em foto de 2013 Imagem: Alvarélio Kurossu/Agência RBS/Folhapress

Com 33 anos, um dos maiores santuários de animais do Brasil, o Rancho dos Gnomos, também não sabe para onde irão os animais do parque: "Não fomos contatados", diz Silvia Pompeu, uma das responsáveis pela ONG, que abriga animais de grande porte, vindos de circos e apreensões,

O Rancho dos Gnomos recebe animais vítimas de tráfico e apreensões, além dos explorados comercialmente em shows e zoos. O santuário não é aberto ao público, pois não tem o intuito de lucro, mas sim, de reabilitação da vida silvestre e educação ambiental. Geralmente, os animais chegam maltratados, machucados ou doentes.

No santuário, recebem tratamento veterinário e são instalados em ambientes seguros, adaptados, para terem uma vida tranquila, longe da exposição. O local já recebeu leões, ursos, elefantes, tigres e outros.

Rave polêmica

O parque Beto Carrero também passou por polêmicas, como a organização de uma rave justamente ao lado dos animais. Inclusive, foi questionado judicialmente pela festa, planejada em 2012.

Médica veterinária da Unesp há 40 anos, com especializações em comportamento animal, medicina veterinária legal e bem-estar animal, Vania Plaza Nunes esteve naquele ano no parque, para vistoria, a fim de elaborar um laudo técnico que foi entregue ao Ministério Público de Santa Catarina.

Leões, na abertura do zoológico do Parque Beto Carrero, em 2011 Imagem: Marcos Porto/ Agência RBS

"Eles pretendiam alugar uma parte do parque para uma rave. Nessas festas, há música com som altíssimo por dias sem parar. E um local com animais silvestres não é o ideal. Com o laudo, a rave não foi proibida, mas a justiça estabeleceu uma série de demandas para a proteção dos animais", conta Vania, que é Diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e vice-presidente do Grad Brasil - Grupo de Resposta aos Animais em Desastre.

Durante a vistoria, o local me chamou muita atenção por ser um zoológico de modelo bem antigo, com construções dos séculos passados, recintos não muito altos, cercados, sem isolamento nem enriquecimento ambiental, para que o animal tivesse alguma lembrança de seu ambiente natural, acrescenta.

Sobre o fechamento do zoológico, a profissional conta que foi surpreendida. "Chama a atenção já estarem há tempos com esses planos e não revelarem o destino. O sigilo é complicado porque são mais de mil animais e temos poucos santuários no Brasil que podem recebê-los. Por que não querem contar para onde vão?", questiona a especialista.

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