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Mulher mantida em condição análoga à escravidão cita ataque com água quente

Fátima Aparecida Ribeiro Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

17/07/2024 18h11

Uma mulher de 54 anos, resgatada pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) após trabalhar durante anos em situação análoga à escravidão, disse ter sido atacada por patroa com bacia com água fervente.

O que aconteceu

Caso ocorreu em Belo Horizonte. Fátima Aparecida Ribeiro chegou à casa dos ex-patrões quando ainda era adolescente, órfã de mãe e pai, conforme relatou em entrevista ao programa "Profissão Repórter", da TV Globo. Foi levada com a promessa de uma vida melhor, mas, na prática, não foi muito bem o que aconteceu.

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Não tinha salário há quatro anos e as condições de trabalho eram precárias. "Nunca tive quarto. Deitava no chão da sala em um forrinho. Demorei para acostumar com a cama. Também não tinha pasta de dente. Para escovar, eu passava o dedo nos dentes com sabão. Ela, a dona Maria [nome da ex-patroa], falava que ninguém ia me querer porque eu era negra", disse.

Mulher foi atacada pela então patroa e mostrou, durante a entrevista, as marcas que ficaram devido às queimaduras. "Esse trem branco é água quente, queimado. Ela pegou uma bacia de água e jogou nas minhas duas penas. A água estava fervendo, até borbulhando", acrescentou.

Além de ficar sem pagar o salário, a família recebeu o depósito do INSS em nome de Fátima Aparecida. O valor correspondia a um salário mínimo por mês. Foram os vizinhos quem denunciaram a situação análoga à escravidão.

A vizinha um dia foi falar comigo assim: 'Ué, dona Fátima, eu acho que você tem dinheiro lá no banco, porque eu vi a mãe e a filha dela tirando o seu dinheiro com o seu documento'. A filha dela pegou e falou assim: 'Não, ela tem dinheiro porque ela é meio doida, e a gente estava recebendo para ela e a gente estava dando para ela o dinheiro'. Eu nem sabia que eu estava recebendo esse dinheiro. Fátima Aparecida

Paulo Gonçalves Velozo, procurador do MPT em Minas Gerais, responsável pelo resgate da mulher de 54 anos, contou que sempre há um discurso por parte da família empregadora.

De que essas mulheres são como se fossem da família e, com o pretexto desse discurso, sonega dessas trabalhadoras direitos trabalhistas básicos, mas quando se observa, elas não vivem como um membro da família, estão alojadas em quartos precários, com condições precárias de subsistência. Paulo Gonçalves Velozo

Fátima Aparecida Ribeiro foi levada para uma casa em Uberlândia, no triângulo mineiro. O local serve como ambiente para resgatados em situação análoga à escravidão.

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