Usou meu dinheiro para o assassinato da minha filha, diz Gilberto Cattani
O deputado estadual Gilberto Cattani (PL-MT) afirmou que o seu ex-genro, indiciado pela Polícia Civil como mandante da morte de Raquel Cattani, 26, encomendou o assassinato da ex-esposa por R$ 4 mil, mesmo valor que teria recebido do deputado por um serviço prestado no reparo de uma cerca.
O que aconteceu
Gilberto Cattani explicou que quitou dívida com o ex-genro no mesmo dia do crime. "Eu tinha um acerto para fazer com ele, em dinheiro, e eu fiz no mesmo dia [do crime]. E esse acerto era de R$ 4 mil, de uma cerca que ele tinha feito para mim. Depois eu soube pela polícia que o acerto com o irmão dele [apontado como autor do assassinato] era de R$ 4 mil", disse em entrevista à TV Vila Real, na terça-feira (6). A Polícia Civil de Mato Grosso indiciou o ex-marido e o irmão dele pelo assassinato de Raquel Cattani.
"Ou seja, pegou meu dinheiro para encomendar o assassinato da minha filha", lamentou o deputado. Cattani também declarou que considerava o ex-genro como um filho: "o sentimento que eu tenho é de tristeza profunda, de revolta. Eu tinha esse camarada como o meu quarto filho porque era o esposo da minha filha, pai dos meus netos."
Romero Xavier e Rodrigo Xavier, ex-marido da vítima e o irmão dele, respectivamente, foram apontados como responsáveis pelo crime. Em nota, a PC-MT informou que o inquérito foi concluído na segunda-feira (5) e encaminhado ao Ministério Público do Estado, que dará prosseguimento ao caso junto à Justiça de Mato Grosso.
Ex-marido não aceitava o fim do relacionamento, segundo a investigação. A polícia diz que Romero pagou R$ 4.000 a Rodrigo, para matar Raquel. A vítima, que tinha 26 anos, foi achada sem vida no assentamento Pontal do Marape, em Nova Mutum.
Irmãos vão responder por homicídio triplamente qualificado. Conforme a polícia, eles foram indiciados por feminicídio, crime cometido pela promessa de recompensa e emboscada que impediu a defesa da vítima.
Rodrigo e Romero estão presos preventivamente desde 24 de julho. Segundo a polícia, Rodrigo confessou o crime e apontou o ex-marido de Raquel como mandante. O UOL não conseguiu localizar as defesas dos indiciados. O espaço segue aberto para manifestação.
Relembre o caso
Corpo de Raquel foi encontrado com vários ferimentos no dia 19 de julho. Ele apresentava mais de 30 perfurações feitas, provavelmente, com uso de arma branca, segundo informou um dos peritos que trabalhou no caso. A empresária foi encontrada morta por um familiar em um dos quartos da casa onde morava.
Ex-marido de Raquel foi preso. Inicialmente, Romero Xavier foi à delegacia para prestar esclarecimentos e liberado pela polícia inicialmente. No entanto, ele foi preso cinco dias depois. A polícia descobriu que ele tinha um comportamento possessivo com Raquel e voltou a investigá-lo.
Polícia encontrou evidências de que local do crime foi montado para parecer um crime patrimonial. Objetos da casa foram roubados, uma TV estava quebrada do lado de fora e a moto da vítima foi levada. Investigadores descobriram então que Xavier havia jogado a motocicleta, o celular e a faca do crime no Rio.
Investigação começou a desconfiar de envolvimento do irmão de Romero, Rodrigo Xavier, que tinha passagens por furto. Os irmãos eram distantes até o término de Romero e Raquel. Depois, a polícia descobriu que eles começaram a se encontrar e trocar mensagens.
Rodrigo foi chamado para um depoimento, mas inventou desculpas inconsistentes, diz a polícia. Ele alegou que estava morando em uma fazenda e depois colocou em uma rede social que morava em Cuiabá.
Irmão confessou o crime após a polícia ir até o endereço dele em Lucas do Rio Verde. Na casa, a polícia encontrou frascos de perfume e um aparelho de som, que foram roubados para simular um latrocínio e atrapalhar as investigações, diz a polícia. Rodrigo foi preso em flagrante.
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Quero receberSegundo Rodrigo, o irmão o levou de carro até Nova Mutum, onde ficou escondido nos arredores do sítio de Raquel. Naquele dia, Romero almoçou com o ex-sogro e levou os filhos dele e de Raquel para Tapurah para tirar os filhos de casa. Depois, ele chamou pessoas que nem eram de seu convívio para beber e foi a três boates em Tapurah para criar um álibi, diz a polícia.
Em Nova Mutum, Rodrigo esperou até as 20h, horário em que Raquel chegou no sítio. Segundo a polícia, ela foi atacada com uma faca e morreu no local.
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