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Cotidiano

Parte traseira do avião ficou mais preservada, revela PF após perícia

Fabíola Perez, Hygino Vasconcellos e Thiago Varella

Do UOL e colaboração para o UOL de Vinhedo

10/08/2024 11h20

Em coletiva na manhã de hoje no local em que aconteceu o acidente aéreo que matou 62 pessoas ontem, em Vinhedo (SP), a Polícia federal trouxe as informações preliminares de resgate e perícia.

Perícia, aeronave e local da queda

Trabalho de perícia é realizado em duas frentes, diz PF. "Um grupo trabalha para a identificação e outro grupo trabalha para a investigação do sinistro aeronáutico para fins criminais, para entender se houve negligência, imprudência e imperícia", observa o perito Criminal da Polícia Federal e diretor do instituto nacional de criminalística, Carlos Palhares. O trabalho de identificação vai ocorrer em parceria da PF com órgãos estaduais.

Parte traseira do avião ficou mais preservada. A oficial dos Bombeiros relata que a aeronave caiu de "barriga" e, por conta disso, houve um achatamento da fuselagem, principalmente na cabine e na área dos dos passageiros. "O teto desceu bastante. E a gente verificou que o avião chega a diminuir de tamanho. É inacreditável", diz Perrone. "A parte de trás do avião, que são as asas traseiras, estão um pouco mais preservadas, infelizmente, porque a gente sabe que é uma parte que não possui passageiros".

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Local da queda é considerado "perigoso". Por conta disso, uma equipe é mantida na área para resgatar algum trabalhador que passe mal ou apagar um princípio de incêndio

Peritos recorrem a três métodos diferentes para identificação. O diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Carlos Palhares, disse que, inicialmente, os peritos tentam fazer o reconhecimento por meio da impressão digital. Se não for possível, os profissionais recorrem à análise da arcada dentária e ao exame de DNA — que demoram mais tempo.

Exames genéticos de familiares e informações referentes à arcada dentária ajudarão o trabalho dos peritos. "A arcada dentária, para a gente identificar, é necessário que a gente tenha a informação do dentista", afirmou Palhares. "Ao mesmo tempo o exame genético vai ser feito, os familiares serão entrevistados e vai ser feita a coleta de exame de material genético para fins de identificação."

Diretor afirma que vínculo ideal de parentesco para exames é dos pais e não de outros familiares. "Não é qualquer pessoa que pode fornecer material genético, tem que ter vínculo familiar" , afirmou. "Não tendo pai e mãe, pega avó e avô materno. Irmãos não são boas referências em regra para fazer exame genético. Se é uma pessoa que tem filho e esposa é possível utilizando outros vínculos de parentesco, mas é um exame um pouco mais demorado."

Corpos estão presos a fuselagens

Trabalho dos Bombeiros envolve retirada de ferragens e de corpos. "Ao mesmo tempo que vou retirando essas ferragens para posterior investigação por parte da Força Aérea, retiro os corpos. Vou abrindo espaço no avião porque realmente, fundiu-se [corpos e ferragens] o que é muito comum em acidentes de trânsito, quando o corpo da vítima fica [preso] às ferragens do veículo", explicou A tenente do Corpo de Bombeiros, Olivia Perrone.

Duas vítimas foram identificadas visualmente. A tenente explicou que isso foi possível pela "preservação" dos corpos. "O que não está acontecendo com os outros que, pela situação do acidente, são corpos muito prejudicados que somente o IML e uma perícia mais detalhada vão poder afirmar com exatidão quem eram aquelas pessoas".

Parte dos corpos estão carbonizados, o que dificulta identificação. "Dessas duas pessoas (identificadas) é possível visualizar partes da vestimenta, porém, muitas vítimas estão carbonizadas, então todo tipo de vestimenta, acessório ou marca superficial do corpo - tatuagem - está totalmente prejudicada. Vai ser realmente no DNA conseguir identificar", diz a tenente.

Marcação de assentos pode auxiliar identificação dos corpos. "Com a queda, não dá para afirmar se cada um está no seu lugar. Não é uma certeza, mas delimita uma área menor de trabalho. No avião poucos objetos estavam íntegros. Muitos objetos se perderam, mas encaminhados o que encontramos para a perícia", diz Perrone.

O que se sabe sobre o acidente

Dois corpos foram identificados visualmente, segundo o Corpo de Bombeiros. Foi possível fazer esse reconhecimento de forma visual pois "esses dois corpos estavam mais preservados", observa a tenente do Corpo de Bombeiros Olivia Perone. "(Isso) não está acontecendo com os outros que, pela situação do acidente, são corpos muito prejudicados que somente o IML e uma perícia mais detalhada vão poder afirmar com exatidão quem eram aquelas pessoas".

Não há previsão para encerramento dos trabalhos. A equipe trabalhou durante a madrugada com luz artificial. Segundo o porta-voz da corporação, Michael Cristo, o trabalho foi "lento e meticuloso" já que a aeronave ficou destruída após a queda. A Perícia trabalha para identificar as vítimas.

Primeiros corpos chegaram a São Paulo em comboio. O governo de São Paulo montou um gabinete de crise na cidade de Vinhedo para organizar as atividades. As equipes realizaram uma reunião de alinhamento às 6h.

IML Central, na capital paulista, diz que preparou uma estrutura para receber os corpos. Um caminhão frigorífico está no local. Cinco equipes com mais de 20 profissionais ficarão dedicadas à ocorrência. Segundo o IML, com o fechamento, todas as outras ocorrências da capital serão distribuídas para outras unidades da cidade.

Famílias devem apresentar qualquer documentação para auxiliar na identificação das vítimas. São úteis exames médicos, radiológicos ou odontológicos. Isso porque, segundo os Bombeiros, os corpos estão muito prejudicados em função da complexidade do acidente.

Como ocorreu o acidente

Avião decolou às 11h50 e pousaria às 13h45, segundo o FlightAware. O modelo ATR-72 pertencia à Voepass Linhas Aéreas e tinha capacidade para 68 passageiros.

Aeronave despencou quase 4 mil metros em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4 mil pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. A aeronave caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar.

58 passageiros e 4 tripulantes estavam em avião que caiu nesta sexta-feira (9) em Vinhedo. A lista com os nomes foi divulgada pela empresa responsável pelo voo, a Voepass (confira a lista completa abaixo). A aeronave tinha capacidade para 68 pessoas.

Aeroporto de Cascavel está em contato com famílias de possíveis vítimas. Em nota, o Aeroporto Regional de Cascavel informou que a Voepass é o único órgão que tem informações oficiais sobre o caso. Já a companhia disse ter acionado todos os meios para apoiar os envolvidos e que "não há confirmação de como ocorreu o acidente e nem da situação atual das pessoas que estavam a bordo".

Casas foram atingidas após a queda do avião da Voepass. A informação foi confirmada pela Defesa Civil de São Paulo, que enviou uma equipe ao local. O Corpo de Bombeiros mandou sete equipes e confirmou que a queda ocorreu na rua João Edueta. Em imagens gravadas por moradores da região do Distrito Industrial, é possível ver o momento em que a aeronave despenca.

Lista de vítimas do voo 2283 da Voepass

Há ainda outros quatro tripulantes.

Debora Soper Avila, 28 anos
Rubia Silva de Lima, 41 anos
Humberto de Campos Alencar e Silva, 61 anos
Danilo Santos Romano, 35 anos

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