Temido na fronteira: quem é 'Colômbia', que teria mandado matar Bruno e Dom
Colaboração para o UOL*
04/11/2024 10h45
Rubén Dario da Silva Villar, o "Colômbia", foi apontado pela PF (Polícia Federal) como mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, em 5 de junho do ano passado, no Vale do Javari (AM).
Quem é "Colômbia"?
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Ele é investigado por suspeita de operar um esquema de pesca ilegal e venda de peixes na reserva indígena Vale do Javari — local em que o indigenista e o jornalista inglês foram mortos. "Colômbia" nega as acusações.
É uma figura conhecida e temida na região da tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru e está no radar da polícia há anos.
Havia contra "Colômbia" indícios de que ele liderava e financiava uma associação criminosa armada que comercializava grande quantidade de pescado exportado para países vizinhos, segundo a PF apurou dias após o crime.
A população ribeirinha, indígenas, indigenistas e policiais também apontam suspeita de vínculo de "Colômbia" com o tráfico internacional de drogas.
A suspeita é de que "Colômbia" exercia influência sobre comunidades ribeirinhas para extração ilegal dentro da terra indígena do Javari.
Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, e Jefferson Lima da Silva, o Pelado da Dinha — também envolvidos nas mortes —, seriam fornecedores de "Colômbia".
Brasileiro, colombiano ou peruano?
"Colômbia" se apresentou voluntariamente em 2022 à polícia e negou relação com as mortes de Bruno e Dom. Ao mostrar documentos, porém, notou-se uma divergência.
Ele exibiu um documento brasileiro, que atestava que havia nascido em Benjamin Constant, município amazonense. Depois, porém, disse que nasceu em outro local, mostrando documento colombiano com outro nome. Segundo os investigadores, havia ainda a suspeita de que "Colômbia" tivesse um documento peruano.
Posteriormente, as investigações concluíram que ele é natural de Puerto Nariño, na Colômbia — daí a origem de seu apelido.
"Colômbia" foi detido em julho de 2022 por apresentar documento falso à PF. Em outubro, foi para prisão domiciliar após pagamento de fiança de R$ 15 mil, mas voltou a ser preso por descumprir regras em dezembro. Ele continua encarcerado.
Não tenho dúvida que o mandante foi o 'Colômbia'. Temos provas de que ele fornecia as munições para Jefferson e Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo [da Costa Oliveira].
Alexandre Fontes, superintendente da PF no Amazonas, em coletiva no dia 23 de janeiro de 2023
O caso
Dom e Bruno desapareceram no Vale do Javari no início de junho. Depois de 24 horas sem dar notícias, as famílias de ambos fizeram o alerta pelas redes sociais e acionaram a polícia. Os corpos foram encontrados 10 dias depois.
Para o MPF, a possível motivação do crime está ligada à defesa dos direitos indígenas decorrente da atuação do indigenista Bruno Araújo no combate à pesca ilegal dentro da reserva indígena.